A abundância de tecnologia na vida da sociedade está a tornar mais difícil o poder de concentração por maiores períodos de tempo? Foi isso que a Microsoft tentou desvendar num estudo recente feito com utilizadores do Canadá.

A investigação indicou que o alcance médio de concentração por tarefa caiu gradualmente com o entrar do novo século. Enquanto as pessoas, em 2000, conseguiam focar-se numa média de 12 segundos por cada encargo, em 2013, esse número passou para os oito segundos -, uma queda explícita de 30%.

Os dados finais apontam o uso abusivo dos smartphones e o exagero de conteúdos disponíveis na web como principais causadores da referida quebra de atenção, onde os utilizadores, ao verificarem diária e constantemente os seus telemóveis e as redes sociais, encontram crescentes espaços de diversão em detrimento de outras tarefas.

Jovens são os que mais “abusam” no uso da tecnologia

Metade dos canadianos inquiridos indicou que consulta o telemóvel quando não tem nada mais para fazer, e 66% usa as redes sociais para a consulta de notícias. Muitos dos internautas não saberiam como seriam as suas vidas sem os diferentes gadgets que usam no quotidiano, onde só 41% é que acredita que seria fácil viver sem os mesmos por perto. Um dado curioso diz respeito a 66% dos canadianos inquiridos não conseguirem estar a ver televisão sem estar a utilizar ao mesmo tempo um tablet, computador portátil ou smartphone.

Relativamente às faixas etárias, são os jovens os que mais se dispersam na utilização excessiva da tecnologia: 55% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade consulta o telemóvel de meia em meia hora e só 6% dos utilizadores com mais de 65 anos de idade o faz. Além disso, 74% dos jovens entre as mesmas faixas etárias prefere hoje ver televisão online, para só 13% correspondentes na faixa etária mais velha.

“Multitasking” é a boa notícia

Nem todas as conclusões do estudo apontam factos negativos. Se, por um lado, a tecnologia diminui a atenção dos internautas, por outro lado, aumenta-lhes a capacidade de multitasking. Segundo os dados, hoje conseguimos ser mais seletivos na escolha do que merece a nossa atenção, além de também fazermos um melhor uso da nossa memória, desprezando aquilo que é mais irrelevante e dando prioridade a armazenar informações que nos são realmente úteis.

O estudo conclui que, através dos resultados, os criadores de conteúdos devem ter em conta a construção de materiais “claros, pessoais e relevantes”, que cheguem “rapidamente ao ponto essencial da temática pretendida”, e também a inclusão da maior diversidade possível de elementos multimédia, como vídeo e áudio, para “melhor captar a atenção dos usuários”. O apelo à interatividade nos conteúdos entre criadores e leitores também é enumerado no estudo como uma mais valia para um maior sucesso dentro de cada público alvo.

“Eu pensava que gastar mais tempo online e com os media, em geral, aumentaria a capacidade de aumentar o filtro das distrações. Enganei-me. Não importa em que ambiente o ser humano esteja, a sobrevivência depende em sermos capazes de nos focarmos no que é importante – geralmente o que está em movimento. Essa aptidão não mudou, só mudou para o mundo online”, afirmou a responsável canadiana da Microsoft, Alyson Gausby, nas conclusões do estudo.