“Porto.” é, desde setembro de 2014, a imagem da cidade nortenha. Desde então já conta com cinco prémios internacionais de reconhecimento. O prémio “D&AD pencil 2014, Porto. city identity” é um dos últimos galardões que elegem o “Porto.” como a melhor marca de 2014. Para percebermos melhor o conceito da identidade fomos falar com o seu criador, o designer Eduardo Aires.

“Nós fomos convidados para integrar uma pool competitiva com vários gabinetes. Fui chamado à Câmara para receber um briefing e saber as condições da competição. Nesse briefing foi-me pedida uma ideia para a cidade e não questionei quais eram os outros estúdios. Nunca pergunto, nem quero saber. Sei que é uma competição entre vários estúdios e é isso que interessa, na origem”, conta.

Um mês e meio depois de terem recebido a proposta, lançaram a marca

“A base do nosso trabalho está muito centrada naquilo que é a expressão visual da própria cidade, que são as pessoas, obviamente, as histórias, os lugares iconográficos, como as pontes, como o Palácio de Cristal, a Torre dos Clérigos , a Livraria Lello, a própria Câmara Municipal, o rio… Mas também é muito aquilo que reveste a própria cidade e, se ficarmos atentos a esses pormenores, percebemos que o azulejo, embora sendo algo muito recorrente, e gasta esta ideia.

O que é certo é que a cerâmica reveste muito daquilo que é o património edificado da cidade e sobretudo o azulejo associado a lugares profanos como  por exemplo uma ou outra fonte, ou a Estação de São Bento que tem histórias, e muitas igrejas, a componente religiosa, eles são em si mesmo decorativos mas também contadores de historias e nós aproveitamos um bocadinho esse motivo para começarmos a contar historias e para falar das pessoas e por aqui começou um pouco o conceito de todo o trabalho”.

A Coca-Cola quis ter o Porto bem guardado

A Coca-Cola quis homenagear a invicta, o resultado foi uma lata decorada com os símbolos emblemáticos da cidade.

A partir de agora comprar uma embalagem do refrigerante da marca americana terá outro sabor. Para os portugueses e sobretudo para os portuenses que poderão adquirir uma lata com o Porto lá desenhado. A iniciativa faz parte de um projeto que a Coca-Cola iniciou em 2012 com o intuito de retratar de forma criativa monumentos designados pela UNESCO como património da humanidade. Esta edição além de dar a conhecer a francesinha, a Torre dos Clérigos, a Ribeira e tantos outros, leva a marca Porto Ponto carimbada, o novo símbolo que melhor retrata a cidade.

“ O Porto Ponto digamos que define um território, define um carácter desse mesmo território. E é ao mesmo tempo um elemento agregador, é como se fosse um íman para onde convergem todos os icons, porque os icons são no fundo a voz das pessoas , são a voz também dos lugares. É por isso que de uma forma recorrente eu digo que gostaria de desenhar um Porto de flores, um Porto de agua, um Porto de estrelas em função  dos diferentes momentos.”

 A cidade tem dois momentos

Um é o Porto Ponto que define o carácter. O Porto tem carácter, o Porto define-se como um espaço de afirmação . O Porto é Porto ponto, ou seja,  não se discute. Toda a gente sabe que o Porto é Porto, tem carácter. Os icons permitem interpretar os aspectos de outra natureza, os lugares. Os icons representam as pontes, a gastronomia, a musica, representam muitas coisas, o lazer. Portanto os ícones vão ao encontro daquilo que é a vida do dia a dia, as pessoas também. Tanto é que a linguagem começou com vinte ícones e agora já vão nos cento e tal. Vai crescendo é como se fosse uma gramática.”

A marca “Porto Ponto”, reconhecida internacionalmente com vários prémios, sofreu uma alegada tentativa de plágio por criativos de Berlim

“O processo é complexo, eu já fui várias vezes plagiado, nas primeiras vezes sentia-me muito incomodado. Agora começo a perceber que é um elogio, é os outros tentam fazer como nós, o que é bom, vejo-o como um elogio. No caso alemão, que é um projeto ligado a uma promoção de um determinado setor de Berlim, a questão do plágio tem contornos um bocadinho mais sérios. Eu penso que se tivesse ficado só pelos ícones, a historia não se iniciava desta forma.

O problema é que há uma similitude a diversos níveis – e não só em termos cromáticos, que eu também penso que não é por aí. Eu acho que a questão ganha contornos de plágio quando assumem a mesma atitude conceptual, ou seja, adoptam uma palavra, um termo e pontuam-no com um ponto. Aqui é que eu acho que há um efeito mimético ao nível do conceito, ou seja, se ao nível da estrutura e da cor eu entendo que a questão nem é tão grave assim, quando passamos para estrutura, cor e conceito, ou seja, já estamos a ver que há demasiadas similitudes. E ainda por cima estamos a falar de um organismo público alemão patrocinado por programas europeus, eu acho que aqui a questão tendo visibilidade devia ter sido pelo manos cuidada ou avisada. A prova é que o site e a página do evento, confirma-se o incómodo, e foi proferido um comunicado da parte deles e acabaram por retirar toda a informação.

Mas no meio de isto tudo volta ao de cima aquilo que realmente me perturbou na questão, que é o facto de, as primeiras mensagens que me chegam tem a haver com uma duvida instalada se não seriamos nós os plagiadores e é isso que me perturba. Ou seja, uma determinada imprensa, um conjunto de pares levantam a suspeita de que os portugueses do Porto copiaram os alemães de Berlim.”