Já se encontra visível a nova arte contemporânea na rua de Santa Catarina. Criação do ceramista e escultor Alberto Vieira e do arquiteto e designer José Pedro Santos , a construção composta por mais de sete mil funis coloridos já ocupa a parte superior da fachada do centro comercial Via Catarina. A obra foi escolhida por serem vencedores da segunda edição do concurso VIArtes. Lançado em abril sob o mote “Faz a tua Arte Pública”, o desafio consistia em alcançar uma solução criativa e inovadora, ao nível da intervenção artística, e que conseguisse desmarcar a rua de Santa Catarina ao acrescentar a uma das suas partes preponderantes, o centro comercial, uma estética mais atrativa.
Os 7000 funis coloridos compõem 66 azulejos com configurações geométricas alternativas montados em prumos verticais que permitem brincar com jogos de cores. O uso do azulejo como ideia principal foi escolhido devido à sua tradição, e foi reinventado através do uso de um objeto único tridimensional, o funil. Esse mesmo foi escolhido por fazer relembrar o vinho do Porto.
Catarina Ribeiro, funcionária da loja “Mundo dos Fatos”, percebeu a intenção à primeira. “Nós somos conhecidos pelos azulejos”, diz a própria. Os turistas que passam pela loja onde trabalha têm parado e olhado porque “acham aquilo especial devido à cor”. Além disso, acha “muito bem” o uso de materiais recicláveis pois “dá uma consciência cívica às pessoas”. Mesmo assim, às vezes tem reparado em algumas reações mais perplexas. “Toda a gente fica a olhar e ninguém sabe que aquilo são azulejos, devia ter informação ao lado”, comenta ao JPN.
Jérôme, turista belga é um bom exemplo dessa opinião. É que o jovem gosta da obra e “chama-lhe à atenção”, mas ao mesmo tempo admite que “gostaria talvez de ler um bocado sobre a própria”.
Em comunicado, os autores da obra revelam que um dos seus objetivos é “cativar o maior número de pessoas e assim obter um projeto coletivo construído a várias mãos”, para obter “um projeto cujo resultado final reflita a presença das pessoas”, dando assim à obra “uma dimensão mais humana”. Assim o produto final pretende evocar o ambiente das festas tradicionais – como o S. João -caracterizado pela alegria, cor e movimento próprios dos encontros sociais onde todos podem e gostam de participar.
Esse objetivo é cumprido. Odete, comerciante da Finkelstein, acha que “a rua fica com mais vida”. A própria até admite preferir esta obra em relação à anterior. A jovem Alexandra Moreno aprova tanto a obra como a iniciativa pois “faz com que o Porto fique mais bonito”. Para a mesma, a rua “fica mais alegre” e a instalação chama “mais à atenção para esta rua muito conhecida”. Da mesma opinião são as estudantes da Escola Artística Soares dos Reis, Ana Rita e Beatriz. “Bonito é!”, exclama esta última. Já Ana Rita afirma que a obra agrada-lhe por “ser original” e “diferente das coisas que costumam fazer”.
É então consensual que a obra é agradável de olhar e que está bem conseguida. Paulo Moreira, portuense, aproveita até para tirar fotografias à obra.”Despertou-me curiosidade fotográfica, pelo contraste cromático que tem”, admite. O seu interesse vem “sobretudo pelo contraste das cores”. Segundo o próprio, o esquema da construção permite, em termos de fotografia, “jogar com as cores, com a profundidade de campo”e que por isso “conseguem-se efeitos engraçados”. “Não desfigura nem desvirtua o edifício”, revela o tradutor.
Na verdade, a obra também teve participação do público que, entre os dias 19 e 27 de Setembro, puderam presencialmente desenhar e pintar os funis. Também foi possível, pela internet, participar no projeto e oferecer o seu contributo. Para Tomás Furtado, diretor do centro comercial, a obra escolhida foi a acertada. “A proposta vencedora desta edição traz um valor estético à fachada do ViaCatarina Shopping muito interessante, que se reflete no jogo de cores criado, nos materiais utilizados e no objetivo final desta instalação”, diz o mesmo em comunicado.
