Sábado foi noite de PortusCalle. O Coliseu abriu portas para receber mais de 3000 espetadores, além das sete tunas participantes a concurso e extra concurso. Vindas dos mais variados locais do país foram quatro as tunas que disputaram os seis prémios prometidos pela Tuna de Engenharia da Universidade do Porto (TEUP). As categorias a concurso foram para a pandeireta, estandarte, instrumental e solista, além dos prémios “Tuna mais tuna” e “Melhor tuna”.

O PortusCalle foi criado em 1992, e desde 2008 que regressa anualmente ao Coliseu, para encher ouvidos e corações. Para isso, são os tunantes que enchem os peitos antes de entrar em palco.

Os festivais deste cariz requerem qualidade musical e sendo esta uma competição artística pede a todos os tunantes a máxima concentração e empenho. Os festivais de tunas estão espalhados por todo o país e dinamizam a cultura musical e o convívio artístico de todos os estudantes que assistem ou participam. Mas não só de estudantes é feita a plateia: há muitos que vêm relembrar aqueles que se dizem “os melhores anos da vida”, apoiar os que lhe são queridos ou ainda ouvir de novo as “casas” que já os acolheram.

O encontro foi marcado para as 20h30. Para receber as centenas de pessoas que iam entrando, Hugo Sousa esteve bem disposto ao longo de toda a noite. Nem os espetadores podiam ficar indiferentes a este apresentador carismático e humorista de sucesso. As risadas contínuas contagiavam-se mutuamente em toda a sala do Coliseu, nos seus momentos de apresentação. O PortusCalle decidiu manter o bom espírito do ano passado, a primeira vez em que Hugo Sousa apresentou o festival.

Também para manter a alma do festival, era indispensável o apoio a uma causa solidária e foi a Liga Portuguesa contra o Cancro que teve a oportunidade de receber esse apoio, na 17.ª edição do PortusCalle. Tal como disse Pedro Figueiredo, da organização, ao JPN, para a TEUP “não basta só dar um bom espetáculo ou ter os melhores grupos. É mesmo importante que tudo seja para uma boa causa”.

Em primeiro lugar atuou a Tuna Feminina de Engenharia (TUNAFE), única tuna feminina no festival, que abriu caminho a todos os cavalheiros convidados e introduziu o patamar de qualidade que se esperava dos participantes.

Foi isso mesmo que a Tuna Académica de Lisboa (TAL) demonstrou: a qualidade musical e a preparação do grupo vindo da capital. Para se poder apresentar ao público do Coliseu do Porto, a TAL, como as outras tunas vindas de fora, teve de viajar para Invicta com alguns dias de antecedência, para ser recebida pelos guias oferecidos pela organização do festival para se poderem acomodar.

O concerto teve uma pausa e regressou com uma tuna extra concurso, a Tuna Universitária do Porto (TUP), do Orfeão Universitário do Porto. Esta tuna, herdeira do legado de 103 anos do Orfeão, apostou em canções mais emblemáticas e conhecidas dos estudantes: Ondas do Douro, Madalena e Amores de Estudante.

De novo em concurso, veio a Desertuna da Universidade da Beira Interior, da cidade de Covilhã. Este grupo proporcionou a fusão de vários estilos de música, como o tradicional português, o clássico erudito e até o latino. Para representar a sua própria história, de sangue bem português, a tuna fez a performance da Odisseia da Desertuna, constituída por vários capítulos inspirados na história de Portugal. Não podia faltar a ilustração do gigante Adamastor, a caravela a navegar em mar, feita de estandartes e bandeiras, nem a bandeira das cruzadas da Idade Média. Sem sair do Coliseu, a Desertuna chegou, por fim, à Índia.

Depois chegou a vez da grande vencedora do PortusCalle 2014, a edição do ano passado. A Scalabituna voltou de Santarém ao festival que no ano passado lhe deu os títulos de “Tuna Mais Tuna” e “Melhor Tuna”. Trouxe de longe as “Lágrimas do Tejo”, a sua canção original, e convidou o Coliseu a cantar por eles no seu instrumental, onde rebuscou tesouros musicais portugueses, como “Se eu fosse um dia o teu olhar”, de Pedro Abrunhosa ou o “Porto sentido”, do Rui Veloso.

A última tuna a concurso foi recebida com grande ovação do público do Coliseu. A cantar na sua cidade, a Tuna da Universidade Católica do Portuguesa (TUCP) deu espetáculo, conduzida pelo seu convidado “maestro italiano”. De peruca na cabeça, para demonstrar a sua experiência, dirigiu a tuna com uma excelente flexibilidade corporal e uma coreografia não menos engraçada e graciosa. Coreografia exigente foi também a das pandeiretas, que garantiram o prémio a esta tuna.

Para fechar o festival, subiu a palco a TEUP, tuna anfitriã, que ao longo da noite, foi encorajada com as canções dos orgulhosos estudantes de Engenharia que se juntaram para apoiar a sua “casa”. Dirigida a todos os presentes, entoaram a canção “Porto na memória”. Teve lugar um dueto memorável, cantado pelas imponentes vozes do Maestro e do Solista. E como não podia faltar, também a “Hoy” foi cantada, tão querida ao público assíduo do festival.

Finalmente os prémios foram e a Desertuna, da Universidade da Beira Interior, sagrou-se a grande vencedora do festival. A tuna da Covilhã arrecadou os títulos de melhor estandarte, melhor instrumental, “Tuna mais Tuna” e “Melhor Tuna”. A melhor pandeireta foi da TUCP e a Tuna Académica de Lisboa conquistou o melhor solista.

O PortusCalle 2015, organizado pela TEUP, conta já 17 edições. No final da noite deu ainda entrada gratuita aos participantes e espetadores no Villa Club, para festejar todos os momentos e todas as vitórias.

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Tuna da Universidade Católica do Porto

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PortusCalle 2015

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PortusCalle 2015

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Plateia

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Tuna Feminina de Engenharia

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Tuna Académica de Lisboa

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Desertuna, tuna vencedora do PortusCalle 2015

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Desertuna

Fotografia: Mafalda Sousa