O Fórum do Futuro é um festival internacional de pensamento criado em 2014 pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto. Contando com as principais parcerias da Casa da Música, Fundação de Serralves, Teatro Nacional São João (TNSJ) e Universidade do Porto (UP), este projeto reúne convidados de várias áreas, de modo a refletir acerca de temas importantes e próximos às sociedades atuais.

Funcionando como pré-abertura do fórum de 2015, que se realiza de 4 a 8 de novembro, a conferência de Tillmans encheu o auditório de Serralves e contou com uma plateia bastante variada.

Luís Braga da Cruz, presidente da Fundação de Serralves, abriu o evento com uma breve declaração sobre o tema da felicidade e a preocupação da fundação relativamente ao futuro. “Serralves preocupa-se com o futuro, preocupa-se com a arte contemporânea e a arte contemporânea é a antecipação do futuro”, disse o presidente, referindo, para além disso, que o futuro não se adivinha e que a sociedade se deve preparar para ele. Agradeceu ainda a Paulo Cunha e Silva, vereador da cultura, a iniciativa de se ter trazido o fórum para a cidade.

De seguida foi a vez de Suzanne Cotter, diretora do Museu de Serralves, tomar a palavra. A curadora britânica, e moderadora da sessão, fez uma pequena apresentação acerca da vida e trabalho de Wolfgang, passando a palavra ao fotógrafo alemão.

Tillmans começou por explicar o vídeo reproduzido inúmeras vezes antes da sessão iniciar . Continuou a mostrar algum do seu trabalho, nomeadamente, outro vídeo, imagens das suas exposições e fotografias suas que, segundo o fotógrafo, falam “do seu tempo, do nosso tempo.” “Todas as minhas fotografias são experiências”, afirmou Wolfgang sobre um dos seus trabalhos, referindo que espera que as suas fotografias se tornem mais do que aquilo que mostram.

Ao longo de toda a conferência, o fotógrafo descreveu a fotografia como um “milagre” (Miracle of photography) e defendeu vincadamente o valor da liberdade. “As pessoas gostam de estar juntas, gostam de não ser controladas e isso está diretamente ligado à felicidade”, referiu ainda sobre o tema central do Fórum do Futuro. “A sociedade diz-nos como devemos tapar o corpo e como é que ele deve ser, mas o corpo é livre e a fotografia é uma ferramenta para divulgar essa ideia”, considerou também.

Tillmans confessou ser um fotógrafo analógico e que não edita as suas fotografias porque não entende o que isso lhes poderia acrescentar. Porém, mostrou-se impressionado com o que a tecnologia lhe permite fazer.

Houve também espaço para risos quando Wolfgang, enquanto falava do seu livro “Book for architects”, se mostrou irritado com o facto dos arquitetos ainda continuarem a fazer as casas da banho das mulheres do mesmo tamanho, o que se reflete ainda, no dias de hoje, em filas enormes à porta das casas das banho para as senhoras.

Os trabalhos de Tillmans são conhecidos pelas suas inúmeras mensagens políticas. Em relação a uma das fotografias que exibiu na conferência, onde duas pessoas dançavam numa discoteca gay na Rússia, o fotógrafo referiu que “esse pequeno lugar torna-se o mundo e isso leva potencialmente à felicidade”.

“Nem sempre as superfícies são superficiais. Elas carregam um significado mais profundo”. Foi esta a mensagem que Wolfgang Tillmans deixou e que descreve o seu trabalho centrado essencialmente no corpo humano e na natureza. “As coisas não são o que aparentam. Quando aproximamos uma imagem que ao início parece apenas ser preta e branca, acabamos por encontrar cor”, indicou o fotógrafo alemão, numa última mensagem deixada na conferência.

Não havendo tempo para perguntas da plateia, Suzanne Cotter, no fecho da sessão, referiu que aquando da exposição do fotógrafo no Porto no próximo ano, seria marcada uma sessão de conversação com o artista, a fim o público ter oportunidade de colocar questões.

Wolfgang Tillmans terá a sua primeira exposição em Portugal, no Museu de Serralves, entre 28 de janeiro e 25 de março de 2016.

O fotógrafo alemão, Wolfgang Tillmans, e Suzanne Cotter, diretora do Museu de Serralves

O fotógrafo alemão, Wolfgang Tillmans, e Suzanne Cotter, diretora do Museu de Serralves Catarina Peixoto

Conferência "Felicidade sem título" com Wolfgang Tillmans

Conferência “Felicidade sem título” com Wolfgang Tillmans Catarina Peixoto