No passado domingo à noite, a AEFLUP comunicou, através da sua página do facebook, a decisão tomada em assembleia geral face às limitações que os estudantes consideram existir na biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). A decisão resultou em duas ações de protesto, sendo uma delas a realização e entrega de um abaixo assinado na biblioteca central da instituição no dia 4 de novembro, quarta-feira.

O abaixo assinado mobilizou, de acordo com o presidente da Associação de Estudantes, cerca de 650 estudantes, “melhor ainda” do que estavam à espera. As razões do protesto baseiam-se essencialmente em dois pilares fundamentais, estando um deles relacionado com o horário de funcionamento da biblioteca. André Silva já tinha informado o JPN que, uma vez que a biblioteca encerra atividade às 20h, “não consegue dar resposta” aos estudantes que terminam as aulas por volta das 19h30. Adiantou também que, no passado, este órgão da faculdade estava aberto até mais tarde e que um dos objetivos do protesto é encontrar uma solução para esta questão.

Contactado após a entrega do abaixo assinado na biblioteca, André indicou ao JPN que “a chamada de atenção” já foi realizada e que agora é necessário apenas esperar. “A recolha que foi sendo feita acabou por refletir a preocupação generalizada das pessoas em resolver um problema que lhes toca a todos”, considerou ainda. Além disso, o presidente da AEFLUP reforçou a ideia de que o protesto não foi realizado diretamente para a direção da faculdade, uma vez que se trata de uma questão de orçamento e que este é “claramente insuficiente”.

Tendo em conta o abaixo assinado, bem como as razões que motivaram o protesto, a diretora da faculdade de Letras, Fernanda Ribeiro, comunicou ao JPN não entender as queixas face a um dos órgãos que melhor funciona na faculdade. “Com certeza que os estudantes podem ter razões para protestar e há sempre coisas que não correm o melhor possível. Agora, escolherem este assunto da biblioteca é completamente descabido porque estão a protestar contra as coisas que melhor funcionam”, informou.

A diretora da faculdade adiantou ainda que o horário de funcionamento da biblioteca é o mesmo há 10 anos, tendo sido alterado em 2005, ao que tudo indica por não haver público. Nesse ano o horário passou das 22h para as 20h e manteve-se até hoje. “Um horário mais alargado tem custos e tem de se justificar”, esclareceu Fernanda Ribeiro, acrescentando também que na altura, a razão pela qual se encurtou o horário não foi financeira, mas sim pela falta de resposta da parte do estudantes. Mais ainda, a diretora sublinhou que essa decisão implicou uma análise durante um ano, para comprovar se de facto a biblioteca tinha ou não público à noite.

A segunda razão do descontentamento por parte dos estudantes está relacionada com a insuficiência de exemplares das obras de bibliografia obrigatória. De acordo com o presidente da AEFLUP, para um universo de mais de 100 alunos com a mesma unidade curricular, normalmente é apenas disponibilizado um exemplar e, no máximo, dois ou três. Esta questão levanta alguns problemas, uma vez que, segundo André Silva, grande parte dos estudantes fica sem acesso ao material essencial de estudo.

Sobre esta temática, a diretora de Letras afirmou que, sempre que possível, a biblioteca trata de comprar a bibliografia pedida pelos professores, ainda que algum seja difícil de aceder. “Há alguma bibliografia, sobretudo no curso de história, que não são obras muito atuais. E nas obras antigas, nós mesmo que tivéssemos dinheiro não conseguíamos comprar porque não há no mercado”, explicou Fernanda Ribeiro. Ainda assim, dado não existir “um orçamento descomunal”, não é sempre possível, segundo a diretora, existirem vários exemplares da mesma obra. “A política da biblioteca é quando não há vários exemplares, há sempre um disponível na biblioteca e não se autoriza o empréstimo”, indicou.

A ação de protesto realizada na quarta-feira, dia 4 de novembro, contou com a atuação do grupo de fados e com a concentração de algumas dezenas de estudantes no bar da faculdade de Letras. A entrega do abaixo assinado foi à biblioteca e, Fernanda Ribeiro, espera que entretanto a direção seja também informada sobre o assunto.

O descontentamento dos alunos face a estas questões foi exposto por algumas meios de comunicação social. André Silva considerou importante para dar voz aos problemas da faculdade, mas alertou para o facto de esta não ser a única temática, nem a principal. “Quando nós atomizamos a incidência do nosso protesto há um risco para passar para segundo plano os problemas gerais”, disse o presidente da AEFLUP.

Presente na ação de protesto esteve a presidente da mesa da assembleia geral, Joana Ornelas, que deu a indicação ao JPN que a direção seria também informada. Para além disso, adiantou que dia 19 de novembro está a ser preparado um protesto a nível regional sobre o que considera o desinvestimento no Ensino Superior. Aí, estarão presentes as várias faculdades da Universidade do Porto, bem como politécnicos e privadas da região, que terão oportunidade de expor os seus problemas internos. Esta reivindicação ainda está a ser planeada mas, de acordo com Joana Ornelas, o local escolhido será o coreto perto da reitoria.