Na passada terça-feira à noite a direção do Jornal Universitário do Porto (JUP) divulgou, na sua página do facebook, a carta aberta enviada horas antes à reitoria. O motivo? A falta de financiamento por parte deste órgão que, de acordo com a diretora Margarida David Cardoso, tinha sido prometido no passado mês de julho.

A estudante, também vice-presidente do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto (NJAP), órgão responsável pela edição do JUP, explica ao JPN que, desde a mudança do corpo dirigente do NJAP em dezembro de 2014, o jornal nunca mais obteve qualquer tipo de financiamento por parte da reitoria. Ainda que na altura tivesse sido realizada até uma reunião com a reitoria para definir o plano do ano e apresentar a nova direção, “o dinheiro, quando era a altura que era necessário sair o jornal, nunca chegou”.

“Nós conseguimos lançar a primeira edição porque foi com os fundos do antigo núcleo de jornalismo e a partir daí, tivemos duas edições previstas para sair que não saíram por falta de fundos”, conta Margarida David Cardoso. No entanto, a situação instável do JUP já se faz sentir há alguns anos. O jornal universitário criado há 28 anos é o mais antigo do país e, em 2012, acabou mesmo por ficar suspenso. “Antes a edição saía mensalmente, depois com a suspensão de um ano passou a sair quatro vezes ao ano e pronto, o JUP reorganizou-se e ressurgiu. E agora enfrentamos o mesmo problema em que pensamos que vamos perder a edição impressa”, afirma preocupada a diretora.

Mesmo após a direção ter dado conhecimento à reitoria desta situação com antecedência “para precaver” a necessidade de financiamento para a saída do jornal, até à data, o jornal ainda não obteve resultados. Segundo a diretora do JUP, aquando da reunião com a reitoria em julho, onde estiveram presentes Joel Pais também ele diretor do jornal e Mónica Moreira presidente do NJAP, o órgão da Universidade do Porto comunicou que não só iriam “ter financiamento, como esse iria ser alargado”. “Ia cobrir a totalidade do valor necessário para a saída do jornal e iria cobrir as quatro edições anuais”, sublinha Margarida.

“No entanto até hoje, isso foi em final de julho, não há dinheiro nenhum, o jornal está pronto para sair e não há fundos para isso”, indica. Ainda que a estudante de Ciências da Comunicação compreenda os cortes financeiros que a reitoria enfrentou, considera que as quatro edições previstas são importantes, uma vez que são conteúdos trabalhos e pensados para toda a academia e feitos por estudantes das mais diversas áreas. “Para além de nos frustrar a nós enquanto organização e pessoas que trabalham, é muito frustrante para os colaboradores que fazem os artigos e não os vêm publicados”, remata.

Por norma, cada edição impressa do JUP tem cerca de 10 000 exemplares, “o mínimo que a gráfica entende”, distribuídos por todas as faculdades da Universidade do Porto (UP), Instituto Politécnico do Porto (IPP) e privadas. O jornal universitário chegou a contar com o apoio do Instituto Português da Juventude (IPJ) que cobria cerca de 20% do financiamento. 

A edição online e renovação do JUP

Para além disso, Margarida David Cardoso indica que, apesar do problema financeiro que o jornal enfrenta, a direção decidiu voltar a apostar na edição online como forma não só de complementar a edição impressa, como também de “assegurar todas as necessidades do jornal e ser capaz de ter atualização constante”. A diretor do JUP revela que, se tudo correr como previsto, no início do próximo ano será lançada a nova plataforma multimédia do jornal e a equipa será também renovada, para que o jornal seja lançado “com uma nova cara, um novo site e uma nova equipa”. “Paralelamente queríamos conseguir renovar a edição impressa, mas não vamos ficar parados à espera que isso aconteça”, reforça também.

Ao que a Margarida adiantou ainda ao JPN, espera-se que na próxima segunda-feira, dia 16 de novembro seja iniciado o novo processo de recrutamento de colaboradores que vai funcionar num molde diferente do que até agora sucedia. “Até agora era muito por carta de motivação e artigo a ser considerado pelos editores, a partir de agora vamos fazer entrevistas pessoais e vamos meter as pessoas mais em contacto com aquilo que é o JUP e com a sua dinâmica”, clarifica.

No entanto, um dos objetivos da renovação das equipas é também trazer ainda mais alunos de outras áreas, que não apenas o jornalismo. “A nossa ideia é dar a conhecer o JUP a outras faculdades porque estamos a ficar um bocado centrados em Ciências da Comunicação, o que não é de todo mau porque são pessoas formadas, mas queremos abrir a todos os estudantes com ideias diferentes”, considera Margarida David Cardoso.

Uma das editorias que já começou a ser reestruturada foi a de desporto, através do “dinamismo” dos estudantes do primeiro ano. Esta editoria conta com a parceria da Engenharia Rádio, a rádio universitária realizada maioritariamente por estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) que já se mostrou também solidária face à situação conturbada que o jornal apresenta.

Contactada pelo JPN, a reitoria informou que a carta aberta enviada está ser analisada, bem como a situação do Jornal Universitário do Porto, mas que até ao momento ainda não foi apurada uma conclusão no que diz respeito ao financiamento do jornal.