“Alertar a entidade governativa para a situação insustentável do Ensino Superior” é, para Mónica Fonseca, presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação do Porto (AEESEP) a grande máxima da nova ação de reivindicação que vai tomar lugar em algumas escolas do Porto, no próximo dia 19 de novembro.

Depois de uma análise aos orçamentos de estado dos anos anteriores e após verificar os cortes que o ensino superior tem vindo a sofrer, a AEESEP decidiu que estava na altura, uma vez mais, “de bater o pé”. Assim, contactou as associações de estudantes e grupos académicos do restante Instituto Politécnico do Porto (IPP), Universidade do Porto (UP) e privadas, para a organização de uma ação. A ideia será, a partir das 12h30 de quinta-feira, juntar o máximo de alunos em cada faculdade e apelar a melhores condições do meio.

“Chegamos à conclusão que se calhar, fazer um iniciativa conjunta num sítio específico do Porto, poderia dificultar a presença dos estudantes, então decidimos fazer cada um na sua escola, com os seus problemas, uma iniciativa à hora do almoço, que calhasse mais ou menos à mesma hora”, explica Mónica Fonseca ao JPN. O apelo é direcionado ao governo e reivindica a diminuição das bolsas de estudo atribuídas aos estudantes, o aumento do valor das propinas e, entre outros, as condições de algumas cantinas.

De acordo com a presidente da AEESEP, no Instituto Politécnico do Porto, este foi o ano que mais houve pedidos de bolsas. “Devido à falta de recursos humanos para dar resposta a tantos pedidos, nós chegamos ao ponto de atribuir bolsas provisórias aos estudantes para fazerem face às despesas iniciais”, conta Mónica, adiantando que os próprios funcionários, quando questionados sobre a situação das bolsas dos alunos, não têm previsão de quando é que poderá haver uma resposta. “Os nossos estudantes tanto podem ter uma reavaliação da bolsa em janeiro como em maio”, indica.

Segundo Mónica Fonseca é importante haver uma mobilização dos estudantes e uma exposição dos problemas. Ainda que a situação mais preocupante no Politécnico seja a questão da atribuição das bolsas aos estudantes, há outros problemas que, de acordo com a estudante, se fazem notar nas faculdades do Porto. Uma delas é relativa à qualidade do serviço de cantina que, para muitos estudantes, tem vindo a piorar nos últimos anos, tanto no que diz respeito à comida como ao horário. Situação que na Escola Superior de Educação foi já resolvida, após algumas reuniões. “Deu para colmatar algumas falhas porque a cantina não estava aberta em regime pós-laboral e começou a ficar, passados dois anos de reuniões e de iniciativas de luta para que isso fosse possível”, aponta Mónica.

Após o contacto com as mais diversas associações de estudantes a ação inclui, até ao momento, o apoio da Escola Superior de Artes e Design (ESAD), instituição privada, da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), da Engenharia Rádio e de um grupo de estudantes da Faculdades de Letras da Universidade do Porto (FLUP). As queixas variam. Se na privada de Matosinhos os alunos apelam a instalações mais alargadas, na FLUP os estudantes pedem um serviço de cantina e biblioteca mais eficiente. Aliás, em Letras até já foi entregue, no início deste mês, um abaixo assinado à biblioteca central como forma de mostrar o desagrado face aos problemas que os estudantes alegam ter. 

Assim, durante a hora do almoço de quinta-feira, faixas e palavras de ordem vão preencher os espaços das escolas e, em Educação, haverá um momento musical, sem nunca esquecer o caráter reivindicativo da iniciativa. Para além da ação de protesto de dia 19 de novembro, dia 26 de novembro será também dia de reivindicar. Ao que tudo indica, 26 foi o dia escolhido para uma ação a nível nacional que no Porto terá lugar à noite, no coreto junto à reitoria, com um concerto de bandas estudantis, tunas e grupos académicos. Inicialmente o concerto terá sido agendado para o dia 19, mas para não deixar passar em branco a ação nacional, foi adiado.

“Com uma ação é claro que não vamos mudar tudo, mas queremos alertar a entidade governativa que a situação do ensino superior está insustentável. Desde o ponto de vistas dos alunos, dos professores, das instituições”, considera Mónica Fonseca. Na opinião da presidente da AEESEP, “as reuniões com os secretários de estadado não solucionam os problemas”, daí a necessidade dos estudantes “saírem à rua” e “não pôr as coisas debaixo do tapete”.