A We Are Changing Together (WACT) é uma instituição sem fins lucrativos que se enquadra na área da educação para o desenvolvimento. Um dos seus projetos principais tem por nome Spirit e consiste numa iniciativa de acção social que culmina num período de seis semanas de voluntariado em São Tomé e Príncipe. O programa já teve oito edições no passado, tendo-se iniciado em 2008. Tem raízes em Lisboa mas estende-se à cidade do Porto. No norte conta com o apoio do Gabinete de Apoio à Empregabilidade do Porto (GAEE.UP) e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

“Na WACT trabalhamos ao nível da capacitação de pessoas nas áreas de empreendedorismo e intervenção social”, revelou Inês Couceiro, responsável da WACT . Inês explicou ao JPN que o programa Spirit é “muito orientado para estudantes universitários”, mas que se encontra “alargado a pessoas que já tiraram os seus cursos e que já tenham trabalhado”. O que realmente interessa, é que as pessoas tenham disponibilidade para acompanhar todo o processo de formação e da deslocação, no verão. “Temos pessoas que se juntaram ao projeto que nunca fizeram voluntariado e temos outras que já têm experiência de voluntariado e inclusivamente trabalham na área social”, notou a mesma.

A experiência irá dividir-se então em duas fases, uma cá em Portugal e outra lá, em São Tomé e Príncipe. Cá, decorre de fevereiro a julho e trata-se do processo de formação profissional, que será certificado e irá desafiar-se os participantes a “criarem o seu próprio projeto, numa área de interesse com a sua área de formação”. Visto que o projeto é aberto a pessoas de todas as áreas, o projeto Spirit acaba sempre por obter projetos muito diversificados e abrangentes. “A ideia desses é serem criados e ajustados à realidade de S. Tomé e Príncipe, onde depois são implementados”, explicou a responsável.

Candidaturas

O processo de candidatura para a participação no projeto Spirit é efetuado através do preenchimento de um formulário online, disponível aqui. Haverá uma sessão de esclarecimento de dúvidas na tarde de domingo 22 de novembro, na sala B111 da FEUP. As candidaturas deveriam terminar nesse dia, mas o JPN pode adiantar que o prazo irá ser alargado até ao dia 6 de dezembro, devido a compromissos da WACT com outras universidades.

Ao fazer a candidatura, os interessados devem saber que este processo terá um custo de 1500 euros, sendo possível efetuar o pagamento dessa quantia em cinco prestações de 300 euros. A primeira terá que ser paga até uma semana depois de ter sido selecionada. As outras terão que ser pagas antes do final de cada mês, sendo o primeiro desses o de fevereiro. Nesse valor estão incluídos, segundo Inês Couceiro, “custos da formação, a viagem ida e volta para São Tomé, o alojamento, a alimentação durante as seis semanas em terreno, um fim de semana residencial e ainda alguns custos administrativos como seguros, taxas de saída e os vistos”

De uma forma mais específica, o processo inicia-se logo na fase de candidatura (ver caixa). Depois da fase de inscrição terminar, irá decorrer um processo de seleção que terá como objetivo permitir aos candidatos conhecerem melhor a organização e vice-versa. Esta fase será durante o mês de dezembro e  irá resultar na escolha dos voluntários a embarcar nesta aventura.

O processo de formação, aqui em Portugal, será em simultâneo entre Lisboa e Porto. O mês de fevereiro irá marcar o início desse processo e será de presença obrigatória. Na Invicta, a formação terá lugar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e irá decorrer em sessões de seis horas quinzenais a acontecerem durante sábados ou domingos – consoante a disponibilidade da maioria dos candidatos selecionados – durante aproximadamente 4 meses.

Esse próprio processo de formação irá subdividir-se em duas partes distintas. A primeira irá consistir num “módulo de inspiração” onde “a ideia será alinhar todos os participantes em relação ao que é trabalhar no sector social”. Outro propósito será dar conhecimento aos escolhidos sobre a realidade atual de São Tomé e Príncipe. “Idealmente, para construirmos um projeto ajustado, íamos até São Tomé e identificávamos as necessidades. Não sendo possível fazer isso, fazemos isso no ambiente da sala de aula”, referiu Inês Couceiro.

Nesse segundo módulo, de “construção”, irá ser iniciada a parte de desenvolvimento dos planos. Para essa parte do processo, a organização irá fornecer aos seus formandos as ferramentas de empreendedorismo social necessárias à elaboração dos seus planos e os participantes serão orientados por um coordenador.

Com os projetos preparados e definidos, os formandos estarão preparados para avançar à fase seguinte: a sua aplicação, durante uma estadia de seis semanas em São Tomé e Príncipe. A ilha africana tem acolhido os voluntários da WACT de forma anual entre os meses de julho e setembro. Essa fase é o que a própria organização apelida de “terceiro módulo”, a Implementação.

Como seria de esperar, os voluntários não serão largados em terras desconhecidas sem rumo.”Há um coordenador da WACT, ou seja, uma pessoa que já conhece a realidade de São Tomé, que vai antes e prepara toda a logística do terreno e faz os contactos institucionais”, clarificou a responsável. Lá, a WACT atua em dois distritos diferentes através de uma presença em duas casas individuais. Durante a estadia, os voluntários irão trabalhar “seis dias por semana, de segunda a sábado”.

Como já foi referido anteriormente, no decorrer dos anos os voluntários foram concebendo projetos que têm sido bastante ecléticos. “Tivemos este ano aí no Porto pessoas que trabalharam a questão da empregabilidade, do abandono escolar”, mencionou Inês Couceiro. Citou ainda outro exemplo, de uma estudante de microbiologia que “trabalhou ao nível da consultoria de agricultura para os produtores de São Tomé” e conseguiu fazer com que esses tornassem as suas práticas mais eficientes. “Temos projetos muito diversificados”, concluiu.