Muito riso e muitas quedas. É assim que melhor pode ser resumido o ambiente que paira na pista de gelo da avenida dos Aliados. Inaugurada no passado 27 de novembro, assim como a pista da Praça Mouzinho de Albuquerque (Rotunda da Boavista), a pista de gelo da avenida é um dos principais destaques das atividades de natal da câmara do Porto.

“É a primeira vez que venho, com uma sobrinha-neta”, diz Diogo Ferraz. Este bancário reformado de Penafiel está na pista pela primeira vez e observa pacificamente. Ele que, segundo diz, “fez a vida no Porto”, tanto como estudante como depois no mundo do trabalho, nunca tinha visto uma pista destas. A sua sobrinha-neta já tinha passado por aí algumas vezes mas sempre teve muito medo. “Desta vez teve a coragem de ir lá para dentro”, afirma o reformado. Não sabe muito bem o que mudou na atitude da menina para se atirar para a pista, “talvez a idade”, mas tem orgulho em vê-la a patinar e a divertir-se muito. Ele também tem-se divertido bastante ao olhar para as peripécias alheias. “A única coisa que lhe posso dizer é que nunca me ri tanto como hoje”, diz ao JPN. Na sua opinião, esta iniciativa é “muito boa para as crianças” e deveria continuar no futuro.

As Pistas de Gelo

A pista da avenida dos Aliados vai-se manter em funcionamento até ao dia 27 de dezembro. A da Rotunda da Boavista mantém-se mais alguns dias, até ao 10 de janeiro de 2016. Em média, conseguem circular em simultâneo cerca de 100 pessoas na pista, embora a organização nunca ponha um número tão alto de pessoas ao mesmo tempo.

A PortoLazer, que lançou o convite às pistas de gelo para que fizessem parte destes eventos de Natal, lançou ainda vouchers em todas as escolas do Porto para as crianças poderem andar na pista pelo menos uma vez, gratuitamente.

A pista da avenida tem um custo de 3,5 euros por 20 minutos ou 5 euros por uma hora, enquanto a da rotunda da Boavista tem custos respetivos de 3 euros e 5 euros para 20 e 60 minutos. Os horários ainda estão disponíveis aqui.

Arminda Meireles veio com o seu neto e é também a primeira vez que ela aí pára com ele. Desconhecia por completo a existência desta pista anteriormente. “É magnífico, é mesmo uma boa ideia. As crianças estão-se a divertir muito mesmo”, revela esta doméstica. Para ela, trata-se de passar um bom tempo em família. “Vim aqui ao Porto com o meu neto e mais uma menina, eles repararam nisto e decidiram vir”, conta. Ela também já se divertiu imenso, reparando com um riso efusivo que “há um miúdo que está sempre a cair” no qual ela está sempre atenta. Não há dúvida que, para ela, tudo “é muito muito muito giro e não há nada de grave”. “É bonito até, engraçado”, remata. A única pena de Arminda é que “não há disto nas outras cidades”. Deixa claro que isto deve repetir-se novamente no futuro e ainda admite que há de voltar antes daquela pista fechar.

Quem já conhecia a pista desde a sua primeira edição, no ano passado, é Adriana Teixeira. Adriana é sócia-gerente da clínica Reflexus K, de Espinho, um centro de aprendizagem que acolhe crianças carenciadas e que, no Natal, realiza atividades para elas. “Fazemos sempre o nosso passeio ao Porto para mostrarmos as luzes e a cidade, que muitas das crianças não conseguem vir através dos pais”, explica. O grupo está a repetir a experiência depois do sucesso da edição anterior. “Os miúdos gostaram e quiseram repetir”, afirma. Com ela está um grupo de 11 crianças, onde, segundo conta a responsável, algumas têm mais jeito do que outras. Mesmo assim, sublinha a forte camaradagem que existe entre elas. “Estão a divertir-se, a caírem, e a ajudarem-se uns aos outros”. Caso a iniciativa se repita, “em princípio” a Reflexus K também voltará. A única queixa é a de que a pista naquele momento “parece um bocado em mau estado”.

Manuel, pai de três meninas, observa atentamente o progresso do seu trio em cima do gelo. Este empregado de construção civil bracarense veio com as filhas para o Porto de férias e encontrou a pista, segundo diz ao JPN, “por coincidência”. “É uma boa ideia uma vez que nós não somos contemplados por neve”, afirma, apesar de achar isto “um bocadinho perigoso”. Quando questionado sobre a forma como a pista é mantida, o mesmo mostra-se um pouco perplexo, mas rapidamente fala da hipótese da existência de motores de refrigeração e de um sistema de rega. “Acho que isto tem motores de referigeração. Não sei bem como funciona a camada mas isto depois é regado e a temperatura vai fazendo camadas, acho que é mais ou menos isso”, refere.

Mas como se mantém uma pista?

Manuel acerta apenas em parte na resposta. Nelson Anunciação, um dos sócios da pista de gelo dos Aliados, explica ao JPN como se faz todo este processo. “Todos os dias à noite temos que raspar o gelo e regar a pista, como se estivesse a regar relva”, revela o gerente, sendo este o primeiro passo. Esta rega, segundo indica o técnico, “não pode ser direta” mas sim “em chuveiro, para ganhar a camada lisinha, toda plana”. Este processo é repetido todos os dias e é realizado em média por cinco pessoas.

Nelson indica que a pista “tem funcionado bem”, mas admite que a crítica deixada por Adriana Teixeira não é infundada. “Tivemos um problema por causa das temperaturas e do vento, particularmente”, confessa o gerente. Na realidade, “quando se atinge a temperatura de 17.ºC, o gelo está apenas a -6.ºC/-7.ºC e assim o próprio vento o faz descongelar”, pelo que tiveram “muitas dificuldades” até agora em manter as condições da pista, explica o sócio.

Para a segunda edição, a organização decidiu experimentar fazer a pista funcionar com as cortinas abertas, em vez de ter tudo fechado como foi no ano passado. Está aqui a principal razão apontada pela pioria das condições de manutenção desta pista. “Experimentamos trabalhar este ano ao ar livre. Trabalhamos bem na primeira semana porque as temperaturas estavam baixas mas depois começou a subir, começou a derreter e tivemos que pôr a cobertura”, revela Nelson Anunciação.

Mesmo assim, ao que tudo aponta, esta operação prevê repetir-se no próximo ano. “Traz benefícios a todos, as pessoas gostam, sobretudo as crianças. Estão sempre a repetir, e repetir e repetir”, revela Nelson Anunciação.