A Quercus manifestou, esta segunda-feira, o seu “desagrado” pela realização do festival Marés Vivas junto à Reserva Natural do Estuário do Douro.

De acordo com a associação ambientalista, o movimento de pessoas e viaturas no lugar proposto para a edição de 2016 do festival vai “perturbar as espécies existentes na Reserva Natural, em plena época de nidificação das aves”, lê-se numa nota hoje enviada à imprensa.

O festival Marés Vivas vai ser realizado este ano num local próximo, mas deslocado daquele que acolheu o evento entre 2008 e 2015. A distância faz toda a diferença, na opinião da Quercus.

“O local onde o festival Marés Vivas se realizou desde 2008 até 2015, além de distar cerca de mil metros da área mais importante da Reserva Natural, continha um morro fortemente arborizado da Quinta Marques Gomes, que reduzia e moderava a propagação do ruído, pelo que o evento tinha um impacto limitado sobre as aves da Reserva”.

“O ruído, especialmente à noite, aterroriza as aves que voam descontroladamente e vão posteriormente ferir-se ou morrer”, refere em comunicado.

A associação pede aos promotores que “procurem outros locais” para montar o festival e ameaça levar o caso a tribunal se a intenção se mantiver.

O presidente da Câmara Municipal de Gaia (CMG) manifestou uma posição contrária à da Quercus numa nota a que o JPN teve acesso.

Eduardo Vítor Rodrigues recorda que a localização do certame nunca foi problema e que a alteração de local é forçada por um projeto de construção que o responsável reprova.

“O festival Marés Vivas dura três dias e realizou-se durante 13 anos no Cabedelo, perto do Estuário do Douro, em terrenos privados”. E acrescenta: “Esses terrenos vão ser ocupados por três loteamentos de prédios de nove pisos, em cima do rio, aprovados em 2008, contra os quais eu estou a lutar, devido aos impactos que acredito venham a existir”.

O edil da Câmara de Gaia reforça ainda que “se durante 13 anos o Festival não teve impactos negativos, não será por umas centenas de metros de distância que o impacto nascerá, nem os decibéis aumentarão”.

A Quercus garante que “a realização do Festival Marés Vivas neste local contraria o disposto na lei portuguesa”, aspeto também refutado por Eduardo Vítor Rodrigues: “Mesmo que a Câmara quisesse invadir a Reserva com um festival, o que não acontece, a Lei não o permitiria. Não há qualquer destruição da Reserva”, garante.

O festival “Marés Vivas” vai ser realizado entre 14 e 16 de julho em Vila Nova de Gaia, tendo já confirmado a presença de alguns artistas como o britânico Elton John.