Um espaço de exposição, de formação, de exibição e de investigação. A cidade do Porto tem desde o final do ano passado um novo espaço dedicado à fotografa e ao cinema na Rua Barão de São Cosme. A entrada na OPPIA – Oporto Picture Academy faz-se pela Galeria Sol, onde os convidados “vão ter lugar para expôr os seus trabalhos fotográficos”, explica ao JPN Cristiano Pereira, diretor artístico da OPPIA.

Ainda nesta galeria encontramos uma máquina de fotografia à la minuta. O espaço vai ainda contar com um estúdio de fotografia à la minuta “onde as pessoas vão poder ser fotografadas e levar a fotografia à moda antiga na hora”, adianta o responsável da OPPIA.  

Passamos uma cortina e estamos na Galeria Lua, que vai ser o espaço da OPPIA reservado aos trabalhos realizados nas oficinas e workshops na área da fotografia à la minuta ali promovidos. No Auditório 8, logo a seguir à Galeria Lua, vão ser projetados filmes e, ao descer umas escadas, deparamo-nos com os futuros laboratórios e oficinas dos workshops.

Cristiano Pereira sempre teve gosto pela imagem, mas foi como estudante na Escola Superior Artística do Porto (ESAP) que essa paixão cresceu, ao interessar-se pela técnica fotográfica chamada Pinhole.


Prova disso é a exposição de fotografia Pinhole “Sol à Sombra”, da autoria de Cristiano Pereira, que pode ser vista na Galeria Lua. É uma “pequena viagem pelo Porto e atrevemo-nos a mergulhar nesta cidade que é bonita de ver e que é cinematográfica. Quis fotografar alguns do ex-libris do Porto. Queria transmitir uma visão delicada e apaixonada da cidade. As minhas memórias são um pouco isto”, aponta o responsável da OPPIA. A exposição vai circular pelas faculdades da Universidade do Porto e do Norte de Portugal.

O Porto é outra das grandes paixões do diretor artístico da OPPIA: “Esta cidade é uma das primeiras cidades a fazer cinema em todo o mundo”, lembra, referindo-se ao pequeno filme de Aurélio Paz dos Reis “Saída dos Operários da Fábrica Confiança”, rodado na Rua Santa Catarina, em 1896.

Cristiano Pereira refere que a Invicta também foi uma das pioneiras no que diz respeito à fotografia: “As pessoas trabalhavam com afinco muito grande, com interesse cultural. Interessa-me essa componente histórica da cidade para poder demonstrar que ainda hoje é possível apresentar um Porto que faça jus à cidade Invicta”.  

Por amor ao Porto e à imagem nasceu a OPPIA. “Era um desejo fazer convergir estas paixões e estas vontades. Quis encontrar um espaço onde pudesse fazer aquilo que sei fazer e, ao mesmo tempo, contribuir para o panorama cultural portuense, trazendo algo que, mesmo reportando aos tempos velhos, é uma coisa nova”, explica Cristiano Pereira.

Workshops e projeção de filmes

A Oporto Picture Academy aposta na fotografia em Pinhole, à la minuta e em filmes em 8mm e super8mm. Os workshops nestas áreas são um dos pontos fortes do espaço. O primeiro a arrancar vai ser o de Pinhole. O público-alvo são os estudantes universitários, principalmente, alunos de Erasmus: “É uma forma de poder trabalhar com pessoas que não são daqui, não têm vínculos culturais iguais aos nossos. Quero transmitir nos workshops dados históricos do Porto e registar o olhar que estes estudantes têm da cidade. A OPPIA quer ser um lugar de trabalho e de investigação, quer investigar através do olhar dos outros”, explica Cristiano Pereira.

O responsável da OPPIA gostava também de trabalhar com a terceira idade e com jovens adolescentes.

Na Oporto Picture Academy também vai haver projeções cinematográficas quinzenais, a partir de 23 de janeiro e com entrada gratuita. A OPPIA tem um arquivo constituído por filmes de produção própria e filmes antigos de coleções de outras pessoas que disponibilizaram as películas. Todos estes filmes são em 8mm e super8mm.


Filmes super8mm em cafés da Invicta

A OPPIA não é a primeira iniciativa de Cristiano Pereira a juntar a paixão pela cidade e pela imagem. Em 2003, organizou “Os cantos do super8mm”: dez cantos do Porto, dez projeções, dez lugares.

“Foi uma experiência muito gratificante. Os filmes têm que estar junto das pessoas e não de uma elite cultural”, considera Cristiano Pereira. Contactou associações nas freguesias do Porto que logo aderiram a esta iniciativa. Houve sessões na Associação Dramática e Musical de Massarelos, na Associação de Moradores da Sé, no Café Progresso. O responsável da OPPIA destaca a sessão nas Fontainhas onde houve um cruzamento “entre os fados e os filmes. Foi uma projeção mágica”, recorda.

Em 2006, Cristiano Pereira decidiu arrancar com o Douro Filme Festival, dedicado ao super8mm. Foram 40 filmes a concurso na primeira edição. Uma das edições do certame decorreu em Mondim de Basto, mas este ano a OPPIA é a “casa nova do festival e pode dar-se continuidade a esse evento”, declara Cristiano Pereira.

Este ano, o Douro Filme Festival comemora o 10º aniversário e vai ter lugar em outubro, coincidindo com o Dia Mundial do Super8mm. Um dos objetivos é a associação a entidades estrangeiras de maneira a criar um evento internacional dedicado a esta área.

Perspetivas para a OPPIA

Cristiano Pereira espera um futuro risonho para a Oporto Picture Academy e espera que este espaço cresça e dê mais oportunidades e formação na área da imagem. “O sucesso será maior se a OPPIA servir de base para a criação de uma escola maior. Quem sabe se, daqui por uns poucos anos, possa vir a ter cursos, com programa curricular e várias disciplinas em torno da essência da imagem”, remata Cristiano Pereira.