A empresa portuense Títulos & Narrativas venceu, na manhã de terça-feira, o leilão público do Palacete Pinto Leite. Os representantes, António Oliveira e António Moutinho Cardoso não adiantam as ideias concretas que têm para o edifício, mas garantem o desenvolvimento de um “projeto digno” que faça do Palacete um “roteiro cultural aberto à cidade”.

A empresa vai “avançar já”, e garante respeitar os 5.580 metros quadrados de jardim, por considerar a área descoberta “uma das mais-valias” do terreno. O colecionador de arte António Moutinho Cardoso mostrou-se contente pelo facto de o terreno ter ficado com “pessoas do Porto”, em alternativa ao capital chinês da “Young Winds From Funchal, SA, a licitadora derrotada.

A Câmara Municipal do Porto, onde se realizou o leilão, impôs que a ocupação do edifício fosse de “natureza cultural” devido à utilização histórica e à arquitetura do espaço. O “imóvel de interesse patrimonial”, segundo o Plano Diretor Municipal do Porto, pertence ao Município desde 1966 e foi a casa do Conservatório de Música até 2008. Desde aí, apenas voltou a ter ocupações provisórias.

A venda do edifício em causa, situado num terreno de 6.510 metros quadrados perto da Maternidade Júlio Dinis, esteve prevista nos orçamentos camarários para 2014 e 2015, mas só aconteceu este ano. Segundo Nuno Santos, adjunto de Rui Moreira, em declarações prestadas à Lusa em 2015, “a autarquia não precisava desse encaixe financeiro”.

O valor inicial de dois milhões e 585 mil euros foi reduzido este ano para mais de metade por se tratar da instalação de um equipamento cultural. O orçamento da autarquia para 2016 prevê recolher 18,6 milhões de euros com a venda de vários imóveis, entre eles a Casa Manoel de Oliveira, vendida no mês passado para instalação da sede da Fundação Sindika Dokolo.