Joana Rocha e Sónia Marques são as autoras da petição online que defende o fim da Garraiada na Queima das Fitas do Porto e que no final da tarde desta quarta-feira reúne quase 3 mil assinaturas. O manifesto foi lançado a 11 de fevereiro.

As alunas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) afirmam estar exclusivamente focadas no êxito da petição. No entanto, colocam a hipótese de adotar outras formas de contestação se a Federação Académica do Porto (FAP) não acabar com a tradição da Garraiada: “A FAP tem noção que há muita gente contra esta tradição, mas não tem dado a resposta que nós estamos à espera”, remata Sónia Marques em declarações ao JPN.

Os peticionários defendem que a FAP não pode “continuar a ignorar quer o direito dos animais, quer a vontade da maioria dos estudantes, que claramente não se sente representada por esta atividade”.

Esta não é a primeira vez que a dupla da FEUP tenta acabar com a Garraiada na Queima das Fitas do Porto. As alunas já tinham feito uma petição com o mesmo fim no passado ano letivo, mas acabou por não ter o sucesso desejado:”No ano passado, um dos argumentos que a FAP usou para desvalorizar o resultado da petição foi que muitas das assinaturas eram de pessoas que não pertenciam à Academia do Porto. Mas nós achamos que isto é um assunto social porque qualquer pessoa pode ir assistir à Garraiada e pode dar a sua opinião em relação aos direitos dos animais”.

Além da petição, as duas alunas contactaram as associações de estudantes da Academia para saber de que lado se posicionam neste debate. No ano passado, na Assembleia Geral que a FAP organizou sobre esta matéria, a votação terminou com 13 votos a favor e 12 contra a realização da Garraiada.

Presidente da FAP admite “tema fraturante”

Daniel Freitas admite ao JPN que o evento tauromáquico provoca discórdia: “A Garraiada é um assunto muito fraturante na Academia do Porto”, afirmou.

O dirigente associativo adiantou que em março vai ser realizada uma Assembleia Geral na qual todas as associações de estudantes da Academia do Porto, juntamente com a FAP, vão discutir este assunto, à semelhança do que aconteceu no ano passado.

A FAP gasta à volta de 5 mil euros por ano na organização da Garraiada, cuja assistência tem vindo a diminuir nos últimos anos. No entanto, de acordo com a FAP, o evento não dá prejuízo.

Até à realização da Assembleia Geral, as diferentes associações da Academia do Porto têm a missão de conhecer a opinião dos estudantes das respetivas escolas, um procedimento que, de acordo com os testemunhos ouvidos pelo JPN, nem todas cumprem.

A Queima das Fitas do Porto decorre na primeira semana de maio. A Garraiada costuma acontecer no último dia do evento.

 

Artigo editado por Filipa Silva