Rui Moreira falou pela primeira vez do encontro que teve, na passada quarta-feira, com o primeiro-ministro na reunião da Câmara Municipal do Porto desta terça-feira. O autarca informou o Executivo que “o Governo tem a ideia de, com a reversão parcial da privatização, poder controlar melhor as opções estratégicas da TAP, nomeadamente, garantir algumas rotas estratégicas”. “Eu não consegui ainda entender como é que o Governo poderá fazê-lo sem o controlo da Comissão Executiva da empresa”, observou o autarca.

Sobre a reunião com Humberto Pedrosa, o presidente da câmara explicou aos vereadores que serviu para perceber melhor “as razões dos cancelamentos das rotas do Porto” e, apesar de acreditar na boa-fé do presidente do Conselho de Administração da TAP, não ficou esclarecido sobre o futuro da companhia aérea no Porto.

Na reunião pública desta manhã, o executivo aprovou uma moção de insatisfação apresentada pelo PSD – com o voto contra da CDU. O conjunto de recomendações visa demonstrar ao atual Governo a insatisfação da autarquia portuense pelo fato de uma companhia aérea com 50% de capital público estar a concentrar a sua operação, cada vez mais, em Lisboa.

A Câmara quer que o Governo “clarifique o que entende significar na prática a manutenção no Aeroporto Sá Carneiro de uma operação aeroportuária relevante por parte da TAP, no contexto das opções estratégicas“ e solicita a António Costa que “exerça apropriadas e justificadas ações políticas junto de uma empresa com 50% de capitais públicos de forma a que a TAP possa também crescer através do Aeroporto Sá Carneiro”.

O comunicado emitido pela Associação Nacional de Aviação Civil (ANAC) na sexta-feira foi também referido. Rui Moreira entende que quando a ANAC refere nesse texto que “as questões de operações são questões estratégicas da empresa” está a dar razão ao entendimento da Câmara do Porto neste dossiê.

“Sempre que fizerem uma maldade ao Porto vão ouvir a minha voz”

O presidente da Câmara do Porto garantiu que são apenas os interesses do Porto que o movem e afirmou preferir que a situação fosse clara: “Se a TAP for privada, poderemos lidar com ela como qualquer outra companhia. Mas, se for pública, o Porto não pode nunca, mas nunca cansar-se de lutar, de falar e até, se preciso for, de falar à moda do Porto”.

“Sempre que fizerem uma maldade ao Porto vão ouvir a minha voz”, prometeu Rui Moreira que aproveitou ainda para desmentir que a autarquia dá qualquer tipo de apoios a companhias aéreas com base no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. David Neelman, acionista da TAP, referiu esta segunda-feira, numa conferência de imprensa dada em Nova York, que a companhia portuguesa tem dificuldades em competir com companhias de baixo-custo, como a Ryanair e a Easy jet, que “recebem subsídios” no âmbito da operação que mantêm em Pedras Rubras.

 

Artigo editado por Filipa Silva