Trabalhos sobre a forma como a acidez do mar afeta as larvas de peixe, a deteção de mutações em doentes com AVC e a descoberta de nanopartículas para tratar o cancro foram os projetos portugueses premiados pela L’Oreal.

Os Prémios L’Oreal são atribuídos anualmente a três mulheres doutoradas, com idade inferior a 35 anos, que se destacaram na investigação científica na área da saúde ou do ambiente em Portugal.

Elisabete Oliveira, de 32 anos, Ana Catarina Fonseca e Ana Faria, ambas de 34 anos, foram as vencedoras e receberam, esta terça-feira, a Medalha de Honra L’Oreal Portugal para as Mulheres na Ciência. Para além da Medalha de Honra as três vencedoras receberam ainda 20 mil euros para poderem suportar os custos das investigações que cada uma conduz.

Criar e usar nanopartículas que detectem moléculas libertadas pelas células cancerígenas e usá-las posteriormente como fármaco para tratar a doença, é a investigação que valeu a Elisabete Oliveira o Prémio L’Oreal.

A investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa (FCT), já tem resultados preliminares relativamente à investigação em causa, sendo que as nanopartículas vão depois ser aplicadas em amostras biológicas de cancro colo-retal.

As novas condições atmosféricas resultantes da emissão de gases com efeitos de estufa e a acidificação das águas dos oceanos, levaram Ana Faria a colocar a seguinte pergunta: será que as espécies de peixes se vão adaptar ou vão sofrer efeitos irremediáveis? Para além disto, com esta investigação, Ana Faria do MARE pretende perceber como é que a acidez das águas vai afetar as larvas e quais vão ser as espécies mais afetadas.

Estima-se que em cerca de um terço dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), a causa seja desconhecida e fique assim por determinar. Em certos casos os doentes que sofrem um AVC registam uma alteração no ritmo cardíaco. Mas a investigadora Catarina Fonseca do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa (IMM) coloca a hipótese no seu estudo que em alguns casos essa alteração não tenha existido ou ainda não se tenha manifestado. Apesar de defender esta alternativa, a investigadora considera que podem ocorrer outras alterações que possam existir no coração e que causem assim um AVC.

Os prémios são resultantes de uma parceria entre a L’Oreal Portugal, a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e desde o seu lançamento em 2004 já premiaram 37 investigadoras portuguesas.

“Não acredito, ganhei ganhei!”

Aos 32 anos, Elisabete Oliveira nem acreditou quando viu que tinha sido uma das vencedoras dos Prémios L’Oreal.

A desenvolver um projeto sobre a descoberta de nanopartículas para tratar o cancro, a investigadora revelou ao JPN que, com este tratamento, os efeitos secundários vão ser menores e mais efetivos. O próximo passo na investigação vai ser melhorar os resultados já obtidos sendo que agora as atenções estão centradas no cancro colo-retal.

 

Artigo editado por Filipa Silva