Gianni Infantino é o novo presidente da FIFA. Foi eleito por maioria de 115 votos, na segunda ronda de votações.

Foi durante o Congresso Extraordinário da FIFA que 207 associações elegeram o sucessor de Joseph Blatter no cargo de presidente do organismo. Blatter esteve à frente da FIFA desde 1998.

Dezassete anos depois, a FIFA tem um novo presidente. O processo eleitoral é secreto, e votaram 207 das 209 associações que compõem a FIFA, uma vez que o Kuwait e a Indonésia estão suspensos.

Eram cinco os candidatos até ao dia das eleição, mas num discurso durante o Congresso Extraordinário, o sul-americano Tokyo Sexwale anunciou a retirada da corrida.

O presidente ficou decidido à segunda volta, uma vez que nenhum dos candidatos obteve dois terços dos votos, o que já não acontecia desde 1974.

O atual secretário-geral da UEFA, Gianni Infantino venceu a primeira volta com 88 votos. Seguiu para uma segunda volta, de onde saiu vitorioso com 115 votos.

O advogado entrou na UEFA em 2000 e a sua cara é já familiar para muitos devido ao papel de regente dos sorteios da Liga dos Campeões. Infantino juntou-se à lista em outubro e, após a exclusão de Michel Platini da corrida, devido à sua suspensão pelo Comité de Ética da FIFA, tornou-se o candidato apoiado pela UEFA, ideia que é recusada pelo advogado suíço-italiano.  “Não sou o candidato da UEFA. Não sou o candidato europeu, sou o candidato do futebol”, afirmou na apresentação da candidatura.

Salman Bin Ibrahim Al-Khalifa acabou  em segundo lugar, com 88 votos. O xeque é, desde 2013, o presidente Confederação Asiática de Futebol. Em 2002 foi também eleito o presidente da Federação de Futebol do Bahrain.

Ali bin Al-Hussein já se tinha candidatado em 2015, mas foi Blatter quem saiu vitorioso, quando Al-Hussein desistiu na segunda volta. Nas eleições desta sexta-feira, obteve 27 votos na primeira votação e apenas quatro na segunda. O príncipe é presidente da Federação de Futebol da Jordânia e já integrou o Comité Executivo. Ali bin Al-Hussein tentou junto do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) adiar o processo eleitoral o qual considera sofrer de “falta de transparência”.

Jérome Champagne, dirigente da FIFA entre 1999 e 2010, foi o grande derrotado das eleições, com 7 votos na primeira votação e 0 na segunda.

A Nova Imagem da FIFA

Também durante o Congresso, as reformas implementadas em dezembro pelo Comité Executivo da FIFA, com o objetivo de regenerar a imagem e reestabelecer a credibilidade do organismo, foram levadas a votos e aprovadas pelas associações, esta sexta-feira, em Zurique.

As polémicas de acusações de corrupção que envolvem dirigentes da FIFA, desde maio de 2015, levaram à necessidade de uma reestruturação interna. Foi criado pelo Comité Executivo, no mês seguinte, um Comité de Reforma, que tinha o objetivo de limpar a imagem manchada do organismo. O Congresso Extraordinário pretende ser um ponto final no processo de mudanças. Para serem aprovadas, precisavam de 75% dos votos.

A primeira grande reforma aplica-se à questão dos mandatos, que ficam limitados a 12 anos. Assim, cada presidente poderá ter três mandatos, cada um de quatro anos. Os poderes do presidente serão também reduzidos, passando a dirigir um grupo de executivos, no qual metade são independentes.

O atual Comité Executivo vai ser também substituído por um Conselho, no qual os membros podem exercer apenas três mandatos. O Conselho passa de 24 para 36 membros, com a obrigatoriedade de um mínimo de seis mulheres. Esta mudança fomenta igualmente a separação de poderes políticos dos de direção, uma vez que o Conselho será o responsável pela condução estratégica do organismo e o Secretário-geral pelas ações comerciais e pela gestão corrente da FIFA.

Outra das principais preocupações da FIFA é restaurar a transparência. Para isso, os salários do presidente, dos membros do Conselho e do Secretário-geral serão publicados anualmente. Também as 209 associações vão passar a fazer auditorias independentes.

As polémicas de corrupção

A história da FIFA e em especial os mandatos de Blatter foram marcados por polémicas de corrupção. A própria eleição de Blatter em 1998 foi também marcada pela suspeita de compra de votos.

Mas foi no processo de atribuição simultânea dos Mundiais da Rússia 2018 e Qatar 2022 que a situação escalou. Foram feitas denúncias e a justiça norte-americana prendeu sete altos dirigentes do futebol internacional e outros 14 foram constituídos arguidos. As denúncias dizem respeito a 132 milhões de euros de luvas e comissões, alegadamente recebidas desde os anos 90, com vista à atribuição dos Mundiais da Rússia e do Qatar. Neste contexto, Blatter demitiu-se do cargo de presidente da FIFA no dia 2 de junho, após ter sido reeleito pela quinta vez, mas admitiu que ficaria no cargo até ser encontrado um substituto.

Mais tarde, Michel Platini e Joseph Blatter foram também envolvidos na polémica da corrupção. Em setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança. Em causa estão pagamentos ilegais feitos pelo suíço ao antigo presidente da UEFA, no valor de mais de 1,6 milhões de euros.

Os dois dirigentes acabaram suspensos, em dezembro, pelo Comité de Ética da FIFA por um período de oito anos, o que forçou a desistência de Platini da corrida a presidente da FIFA.

A sucessão de polémicas de corrupção que abalou a FIFA envolve também os seus principais patrocinadores. A Coca-Cola e a McDonald’s exigiram, em outubro, a demissão imediata de Blatter. Mais recentemente, a Adidas admitiu um possível “divórcio” da instituição.

 

Artigo editado por Filipa Silva