Um sistema robótico completamente autónomo e sem necessidade de ser operado com um controlo remoto. Este é o projeto que está a ser desenvolvido em Portugal, com o objetivo de tornar possível a exploração e estudo de minas terrestres inundadas.

A ideia está a ser gerada no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e vai ser posteriormente testada também na Finlândia, Eslovénia e Reino unido.

Através de um financiamento de cinco milhões de euros, atribuído pela Comissão Europeia, no âmbito do programa de investigação europeu Horizonte 2020, vai ser possível construir os primeiros robôs do mundo com capacidade para operar no subsolo.

Em declarações ao JPN, José Almeida, investigador do INESC TEC e professor no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) considera que este sistema robótico vai ser capaz de conseguir obter informações de minas inundadas e cujo acesso é muito difícil: “É preciso desenvolver ferramentas, neste caso os veículos exploradores robóticos, para obter todos os dados que os geólogos precisam para fazer a rasterização destas minas e decidir se podem haver interesses económicos para futuras explorações ou não”.

De acordo com o investigador existem milhares de minas inundadas. Algumas delas abandonadas há centenas de anos, devido à profundidade e aos riscos inerentes a problemas estruturais. José Almeida adianta que ainda não é possível obter informação do estado dos recursos existentes, utilizando meios humanos.

“UX-1” é o nome atribuído a este sistema inovador, que quando desenvolvido, vai poder realizar um mapeamento 3D da mina, proporcionando a vantagem de recolher informação geológica valiosa, que de outra maneira nunca seria conseguida.

Quanto aos maiores desafios ligados à realização deste projeto, o investigador realça a utilização da tecnologia de robótica submarina e a estrutura complexa de algumas das galerias.

“UX-1” é um trabalho que vai levar quatro anos a ser concretizado. O projeto vai ser dividido em várias fases, sendo que no primeiro ano vão ser estudados os requisitos para, segungo José Almeida, “perceber melhor os vários cenários e os problemas específicos de cada um deles”.

Após esta fase vão começar a ser produzidos os primeiros protótipos nos quais vão ser integrados os vários desenvolvimentos. “É estimado que o primeiro protótipo esteja pronto daqui a aproximadamente dois anos”, informa o investigador. A primeira produção vai ser testada numa das minas, que apresenta um cenário menos complexo, situada na Finlândia.

Depois de serem realizados testes ainda mais específicos, nos quais está incluído um teste numa mina portuguesa em Viseu, vai decorrer a demonstração final agendada para abril de 2019.

O “UX-1” conta com a colaboração de 13 organizações de sete países diferentes: Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Eslovénia e Finlândia. Em Portugal, para além do INESC TEC, também estão envolvidas a Geoplano (GEOP) e a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM).

 

Artigo editado por Sara Gerivaz