Não representam nenhum país. Não levam bandeira ou hino para cantar. Levam a história dos milhares que, como eles, fugiram da guerra. É esta a nação que a Equipa Olímpica de Atletas Refugiados (ROA, no acrónimo inglês) vai representar em agosto, no Brasil.

Aquando da crise dos refugiados, o Comité Olímpico Internacional (COI) iniciou uma ação de apoio a potenciais atletas de elite que se viram obrigados a abandonar o país. Nesse sentido, todos os comités nacionais foram convidados a identificar atletas refugiados nessas condições, para que pudesse ser prestado apoio financeiro que garantisse a continuação da prática desportiva.

Na passada quarta-feira, o COI anunciou que 43 nomes foram reunidos, um número significativo o suficiente para fazer avançar a decisão de formar uma equipa olímpica, algo já pensado em janeiro.

Segundo um comunicado do COI, apenas dez atletas vão ser selecionados até junho para formar a equipa olímpica, tendo em conta o “nível desportivo, o estatuto oficial de refugiado verificado pelas Nações Unidas e as circunstâncias pessoais”. No entanto, três desportistas foram já apontados como fortes concorrentes ao ouro. São eles a jovem nadadora Síria Yursa Mardini, residente na Alemanha, o iraniano Raheleh Asemani, lutador de taekwondo na Bélgica, e o judoca congolês Popole Misenga, que atualmente vive no Brasil.

Thomas Bach, presidente do Comité, salientou que a criação da equipa de refugiados visa “enviar uma mensagem de esperança para todos os refugiados no mundo”. “Não tendo uma equipa à qual pertencer, não tendo uma bandeira para seguir, não tendo um hino para tocar, os refugiados serão recebidos pela bandeira e hino Olímpicos”, escreveu Bach no comunicado. A equipa vai desfilar em penúltimo na cerimónia de abertura, seguida pela equipa anfitriã.

Quanto ao alojamento, os atletas vão juntar-se aos restantes desportistas. “Vão encontrar um lar na Aldeia Olímpica, junto aos 11 mil atletas dos 206 Comités Nacionais”, acrescenta Bach.

O presidente anunciou também que alguns destes atletas vão ter a oportunidade de transportar a tocha olímpica, que este ano vai viajar desde Olímpia, na Grécia, até ao Rio de Janeiro. O objetivo é homenagear o papel da Grécia nesta crise dos refugiados e lembrar a origem dos Jogos.

Até junho, o COI vai designar a equipa técnica e médica que vai acompanhar os atletas, assim como providenciar todo o equipamento desportivo. As deslocações e despesas de participação vão ser asseguradas pela Comissão de Solidariedade Olímpica.

Alguns dados

Segundo os últimos dados da ONU, foram identificados mais de 20 milhões de refugiados em todo o mundo, algo que já não se verificava desde 1992. Cerca de 20% são crianças. Os pedidos de asilo aumentaram 78% de 2014 para 2015, ou seja, quase um milhão de pessoas pediu acesso ao estatuto de refugiado. Grécia e Itália foram os países onde desembarcaram mais refugiados, num total de 705 mil que chegaram à Europa. Mais de 3 mil morreram ou desapareceram durante a viagem.

 

Artigo editado por Filipa Silva