Maria Sharapova já foi número 1 do ranking mundial de ténis. Admirada por muitos, chocou o mundo esta terça-feira ao reconhecer que o controlo antidoping a que foi sujeita no Open da Austrália deu positivo.

Sharapova foi acusada de tomar “Meldomium”, uma substância que passou a ser proibida apenas este ano, e confessou ser responsável por não ter visto a lista atualizada de substâncias interditas enviada pela Agência Internacional Anti-Doping (WADA, no acrónimo inglês).

A tenista vai ser suspensa preventivamente a partir de 12 de março. Marcas como a Nike, Tag Heuer e Porsche retiraram os patrocínios, que só em 2015, renderam a Sharapova 21 milhões de euros.

É mais uma atleta russa – ainda que residente nos Estados Unidos – envolvida numa situação de dopagem, num ano em que entidades governamentais, jurídicas e médicas do país foram acusadas de encobrir os resultados positivos de 99% dos seus atletas internacionais.

A polémica de Sharapova reanimou também o debate sobre a questão do doping no ténis, cuja lista de casos está a crescer. Até 2004, ano em que o ténis aderiu aos códigos da Agência Mundial Antidopagem, apenas um atleta de topo, Juan Ignacio Chela, tinha sido identificado. Com um maior controlo, grandes nomes do ténis foram identificados, como Martina Hingis (2007) e Richard Gasquet (2009). No entanto, o ténis só aderiu ao uso do passaporte biológico em 2013.

Mas é no ciclismo, atletismo e futebol que se registam mais casos de doping na história do desporto. Nos últimos 30 anos, Santiago Botero, Floyd Landis, Alberto Contador e Lance Armstrong foram os casos mais sonantes de doping no ciclismo. No atletismo, Ben Johnson, Marion Jones, Maureen Maggi e Justin Gatlin. Já no futebol, os escândalos andam longe das grandes equipas. No “desporto rei” os atletas só são sujeitos à análise ao sangue quando participam em provas internacionais ou quando são chamados às seleções.

Em modalidades como natação, voleibol, ginástica, judo e halterofilismo registam-se também casos mediáticos.

Processo de controlo

O processo de controlo antidoping passa, geralmente, por duas fases: análise ao sangue e à urina. As amostras de sangue vão permitir, primeiro, construir um passaporte biológico do atleta e perceber se existe alguma anomalia que transpareça o uso de substâncias dopantes. Uma vez que esse exame não revela qual a substância utilizada, é necessário analisar também a urina para que esse reconhecimento seja possível.

É extremamente secreto e imprevisível: os atletas são avisados e têm uma hora definida para comparecer. Caso não o façam, são penalizados com uma falta. Se juntarem três faltas em 18 meses, podem ser suspensos.

O controlo pode ser feito, também, de forma aleatória. Em Portugal, por exemplo, a cada jornada é feito um sorteio por modalidade através de um programa informático que escolhe os jogos e respetivos participantes que vão ser, depois, inspecionados. Nestes casos, apenas três pessoas têm conhecimento dos resultados: o presidente da Autoridade Anti Dopagem (ADoP), a secretária que marca os serviços e o médico que os efetua.

Alguns dados

O último relatório da Agência Mundial Anti-Doping sobre testes de dopagem efetuados a nível internacional data de 2014.

De 2013 para 2014, o número de casos positivos aumentou 5%. A substância mais detetada foram agentes anabólicos, capazes de melhorar a condição e resistência física dos atletas.

Os países onde se encontraram mais casos foram a Ucrânia (50% testes positivos), Lesoto (33,3%) e Belize (11,1%). Alemanha, Índia, Bélgica e México foram os países onde se efetuaram mais analises.

A modalidade onde mais casos foram registados foi no Bodybuilding (69%). Pesca (25%) e artes marciais (jiu-jitsu e kempo, 20%) registam também um número elevado de testes positivos.

Num total de 90 países, Portugal é o 19º com mais casos positivos. A autoridade antidopagem gasta mais de 1 milhão por ano para combater o número de casos.

Artigo editado por Filipa Silva