A greve já estava prometida desde o dia 3 de março, depois de o Sindicato dos Jornalistas ter entregado um pré-aviso ao Ministério do Trabalho. Esta quinta-feira, jornalistas do “Diário Económico” e da “Económico TV” cumpriram a paralisação.

Os salários em atraso motivaram a greve. Mas não foram a única razão. Paulo Pereira, jornalista e membro da Comissão Instaladora da Comissão de Trabalhadores do Económico/ETV, conta ao JPN que “há também a questão da drástica degradação das condições de trabalho”. “Fomos perdendo uma série de meios que nos eram essenciais para oferecer um serviço de qualidade às pessoas que nos seguem”, acrescenta.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ), que apoia a greve, acompanhou desde o início a situação do Económico. Para Luís Filipe Simões, do sindicato, a paralisação “é um grito dos trabalhadores que não recebem salários, que estão a trabalhar em situações precárias”.

Luís Filipe Simões confessa: “Eu encaro esta greve como uma chamada de atenção, em primeiro lugar, para a pluralidade da imprensa”.

Ainda não é possível quantificar a adesão dos trabalhadores à greve. Mas o membro do sindicato garante que “a adesão é muito grande” e fez-se sentir: “Hoje, na Antena 1, não houve o habitual Magazine Económico, federado pelo Diário Económico, no site não há nenhuma notícia publicada desde a meia-noite. Aliás, não há sequer garantias de que amanhã saia o jornal”, acrescenta.

Um comunicado da Comissão Instaladora da Comissão de Trabalhadores do Económico/ETV divulgado no site do jornal, no dia 23 de fevereiro, apelava à colaboração do público para “dar continuidade a este projeto líder da informação económica”.

O apelo, diz Paulo Pereira, teve efeitos: “Recebemos inúmeras manifestações de apelo e de solidariedade”.

Hoje, o pedido é outro: “Pedimos que a sociedade civil, através do tecido empresarial e de uma série de meios que tem à sua disposição, se movimente no sentido de formalizar propostas, para a aquisição do jornal”, declara o jornalista.

“Neste momento essa será a melhor forma de viabilizar o futuro do jornal, do online e da televisão”, garante Paulo Pereira.

O membro do Sindicato de Jornalistas concorda. “Tem de haver um investidor interessado. Já houve várias abordagens”, confessa. O caminho será esse.

Que futuro para o Diário Económico?

A situação do Diário Económico tem gerado dúvidas quanto ao seu futuro. Os jornalistas acreditam que a solução passa pelo investimento. Mas que impacto terá um eventual fecho do jornal na comunicação social portuguesa?

“Tem vários pesos. O primeiro é uma diminuição do pluralismo e do empobrecimento da paisagem audiovisual. Por outro lado, tem um impacto brutal nas vidas de centenas de famílias”, responde o jornalista Paulo Pereira.

Luís Filipe Simões não tem dúvidas: “O que está em risco aqui é a democracia. Não havendo jornalismo, a democracia está em causa”.

A verdade é que “estamos numa fase de uma grave crise”, refere o jornalista do SJ. Mas os trabalhadores do Económico mantêm a esperança: “É nisto que acreditamos todos os dias, que é viável manter o funcionamento da empresa. Não estamos iludidos. Sabemos que é urgente uma medida de apresentação de propostas”, explica Paulo Pereira.

“Neste momento, o futuro é altamente incerto”, indica o jornalista. Mas a garantia é a de que vão “lutar muito, para lá dos nossos limites”, acrescenta.

Afinal, “cada vez que um órgão de comunicação social fecha, todos nós perdemos”, conclui Paulo Pereira.

 

Artigo editado por Filipa Silva