Algumas disciplinas da licenciatura em Ciências do Meio Aquático, do Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) têm sido objeto de estudo do projeto do professor José Gonçalves. Segundo o vencedor do Prémio de Excelência Pedagógica 2016, o trabalho desenvolvido é uma “grande mais valia” para os estudantes, uma vez que permite aproveitar de forma construtiva os recursos das Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

“Impulsionar o sucesso educativo com recurso a práticas inovadoras no domínio das TIC e à articulação estratégica dos métodos pedagógicos” é o nome do projeto que valeu ao professor do ICBAS a distinção. A partilha das ideias adquiridas ao longo do seu percurso na Universidade do Porto (UP) é importante para José Gonçalves: “Acho que é um bom desafio e uma oportunidade para fazermos uma introspeção sobre a nossa carreira, uma reflexão e talvez partilhar ideias”.

E foi a  vontade de partilhar que o levou a concorrer. “Melhorar o ensino pedagógico e os meios a que recorro sempre foi uma preocupação desde que iniciei a minha atividade na Universidade do Porto”, indica José Gonçalves ao JPN.

Esta é já a quarta edição do Prémio de Excelência Pedagógica da Universidade do Porto. “[A pedagogia] era muito pouca quando eu iniciei a minha atividade. Atualmente todos os meus colegas estão cada vez mais envolvidos num esforço constante de melhoria e a contribuição da reitoria da Universidade do Porto tem sido fundamental com o forte investimento que tem feito em formação”.

O Projeto

Em conversa com o JPN, José Gonçalves conta que sentiu a necessidade de implementar um modo de ensino alternativo. O propósito surgiu quando iniciou o projeto, “ainda antes das reformas introduzidas pelo processo de Bolonha e depois de ter assumido autonomia pedagógica nas disciplinas” porque percebeu que, “as aulas tradicionais eram cada vez menos atrativas para os estudantes”. Houve uma necessidade de formação complementar, nomeadamente, na área das TIC.

Todos os conteúdos das aulas estão disponíveis “online” e as que seriam lecionadas nos dias a seguir ficam disponíveis de imediato na plataforma “Moodle”, explica o professor: “Recorrendo ao ‘Moodle’, todos os conteúdos das aulas são lá expostos e novas aulas são dadas diretamente do ‘Moodle’. Esta ideia permite, eventualmente, cursos de atualização às pessoas que saem da Universidade e que periodicamente se querem atualizar ou reatualizar através do ensino à distância”.

Ainda durante as aulas práticas, o professor fomenta o contacto dos alunos com a indústria, através de “empresas ou instituições com as quais o Instituto de Ciências Biomédicas celebra contratos, para assistência técnica, contratos para a chamada extensão universitária”. Após esse contacto há também aulas práticas no ambiente industrial.  e depois e fazemos algumas aulas práticas em ambiente industrial. “Claro que isso não é todos os dias, mas bem programado é possível com grupos de 30 a 40 alunos é relativamente possível”, menciona José Gonçalves.

Com uma taxa de 100% de aprovações nos últimos três anos, o professor diz-se “satisfeito” e os seus alunos “têm normalmente um ótimo aproveitamento, o que é bom”.

Pedagogia no Ensino Superior: Os estudantes

O presidente da Associação dos Estudantes do ICBAS (AEICBAS), João Nunes, defende a iniciativa da UP, que premeia projetos de inovação no ensino: “Premiar os professores pelos seus métodos  é uma boa iniciativa porque a partilha de experiências novas, no caso concreto da atribuição do prémio ao professor José Gonçalves e a adesão dos alunos, serve para servir de exemplo para os outros docentes”. Além disso o estudante ressalva que “como em todas as faculdades existem professores que primam pela excelência pedagógica e outros não”.

João Nunes, afirma ainda “que se o projeto premiado for adotado por todos docentes, vai de certo modo, facilitar a compreensão e o melhoramento das aulas em relação ao conteúdo lecionado”. Para João Nunes “as novas formas de adaptação do ensino são sempre bem-vindas se desse modo facilitar o ensino e a aprendizagem”.

Mafalda Pereira, estudante de Ciências do Meio Aquático e aluna do professor José Gonçalves, garante que tem aproveitamento a 100%. Para Mafalda este é um processo que ajuda em muitos casos. Segundo um dos estudantes que também beneficiou deste projeto, Filipe Soares, “a plataforma é um complemento para as aulas, pois o ‘e-learning’ permite a gravação de aulas em ficheiros”. Para o estudante “esta iniciativa é bem-vinda”.

Já Raquel Pedroso é da opinião que existem professores com diferentes perspectivas de ensino: “Alguns são dedicados e os outros simplesmente não puxam pelos estudantes”. Ainda assim a estudante aponta que “por vezes estudantes que não sabem o que andam a fazer na Universidade e por essa razão não fazem exigências.” Catarina Costa, estudante de Medicina Veterinária é da mesma opinião de Raquel quanto à diversidade de professores.

Catarina concorda com a iniciativa dos Prémios de Excelência Pedagógica para que se possa notar a diferença entre “os docentes que se esforçam” e aqueles que “pouco fazem pelos alunos”.

Quarta edição do Prémio

Prémio de Excelência Pedagógica é atribuído todos os anos, a um grupo de professores ou individualmente, pela Universidade do Porto. A competir nesta quarta edição estavam também os projetos “Um Modelo de Ensino-Aprendizagem com avaliação individual, distribuída e formativa para grandes grupos de estudantes”, de José Fernando Oliveira, Maria Antónia Carravilla e Manuel Pina Marques, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e “Construção 2.0 – Novas e velhas matérias na sala de aula”, de Carlos Nuno Lacerda Lopes, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).

O Prémio, no valor de cinco mil euros, é um galardão criado com o objetivo de distinguir a excelência e inovação pedagógica dos docentes da instituição e contribuir para a melhoria contínua da qualidade do ensino e da aprendizagem. Atingir o sucesso escolar e pessoal dos estudantes é a grande meta.

O prémio de Excelência Pedagógica, anunciado no passado dia 4 de março vai ser entregue no final deste mês, dia 22.

 

Artigo editado por Sara Gerivaz