O Movimento Associativo Nacional assinalou esta quinta-feira o Dia Nacional do Estudante com a entrega, no Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior (MCTES), do “Guia de boas práticas no Ensino Superior – Combate ao abandono escolar”, em reunião com a secretária de Estado, Maria Fernanda Rollo.

Daniel Freitas, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), afirmou que o plano da reunião foi cumprido, com vários assuntos na agenda. A campanha de combate ao abandono teve grande recetividade, por ser um problema que o Governo também quer atacar. Outra prioridade é captar mais estudantes para o Ensino Superior. “Tudo que seja campanhas para evitar que estudantes saiam e potenciar que estudantes entrem [no Ensino Superior] são campanhas positivas”, comenta.

Nesta fase, o objetivo consiste em “desencadear mecanismos de ajuda” aos estudantes em vias de abandono. Uma outra prioridade, que o Movimento espera ter grande impacto, é o estudo abrangente e alargado sobre a realidade nacional do abandono escolar.

O MCTES informou os estudantes que está em andamento um estudo sobre o abandono e insucesso escolar, com coordenação do professor Carlos Farinha. Também numa fase inicial está um outro estudo do interesse do movimento e recomendado à Assembleia da República, sobre a praxe académica, coordenado pelo professor António Firmino da Costa. Os representantes do Movimento Associativo vão ser chamados a colaborar nos estudos.

As ações do movimento no que respeita ao combate ao abandono escolar passaram até aqui sobretudo por “frentes de sensibilização”, segundo Daniel Freitas. A quinta-feira foi um “ataque às frentes do Governo e de maneira indireta, às instituições”, mas a campanha não acaba aqui e já para o dia 29 de março, o movimento anunciou iniciativas. Daniel Freitas adiantou ao JPN estarem a ser preparadas ações “simbólicas” a nível nacional. Uma delas é a exposição de mensagens alusivas ao abandono, mensagens com pendor “mais humano”, em várias faculdades. Pretende-se sensibilizar a comunidade académica e criar “ferramentas de proximidade”, para que, com a ajuda de cada um, haja menos estudantes a abandonarem o Ensino Superior.

“É a reta de lançamento”, diz Daniel Freitas. Vão ser levadas a cabo mais reuniões com outros agentes do sistema de Ensino Superior, como o Conselho de Reitores.

Segundo Daniel Freitas, o movimento ficou também agradado com o anúncio do MCTES sobre matérias discutidas no Conselho de Ministros, especialmente com a aprovação do diploma que substitui bolsas de investigação pós-doutoramento por contratações. “É uma medida que poderá beneficiar o sistema e proteger os doutorados”. Os dirigentes associativos apresentaram anteriormente reivindicações quanto às bolsas de investigação, por serem “desprotegidas” do ponto de vista social.

Combate ao abandono escolar

Daniel Freitas explicou ao JPN que o abandono é um “processo rápido e silencioso”. Para as associações e federações, trata-se de um fenómeno pouco estudado e que deve ser combatido. O “Guia de boas práticas no Ensino Superior” tenta dar “matéria científica, com sustentação empírica”.

“Estudantes contra o abandono escolar”, com o lema “Não desistas!” são a bandeira da campanha de combate ao abandono. O objetivo não é tentar resolver o problema depois de acontecer, mas sim, antes. O guia pretende consciencializar para o “papel limitativo do abandono escolar para a democratização do conhecimento”, que leva também ao atraso do sistema educativo nacional. Assim, procura-se abranger os motivos deste fenómeno e a partir deles, formar linhas de orientação.

A prevenção é o princípio orientador e começa, desde logo, com a deteção de casos de risco. O Movimento Associativo Estudantil Nacional propõe três períodos de ação para prevenir o abandono: “antes do acesso ao Ensino Superior, imediatamente após a entrada e genericamente ao longo do percurso do estudante”. Cada agente do Ensino Superior pode ser fulcral, através das relações interpessoais, para identificar situações que levam ao abandono.

A conclusão do guia indica a vontade de que o abandono “passe a ser um marco do passado da história do Ensino Superior”.

 

Artigo editado por Filipa Silva