A explosão provocada por um bombista suicida este domingo teve lugar em Gulshan-e-Iqbal, um parque infantil em Lahore, matou mais de 70 pessoas e feriu cerca de 300. O ataque foi reivindicado pelo grupo talibã paquistanês Jamaat-ul-Ahrar, sendo dirigido aos cristãos que comemoravam o domingo de Páscoa.

“Assumimos a responsabilidade do ataque contra os cristãos que celebravam a Páscoa”, afirmou o porta-voz do grupo islamita, Ehansullah Ehsan, ao diário paquistanês The ‘Expresse Tribune’, citado pela agência Reuters. A organização terrorista afirmou que este atentado faz parte de uma série de ataques denominadoss “Saut-ul-Raad” (“a voz do trono”), que pretendem continuar ao longo de 2016. “Queremos mandar ao primeiro-ministro, Nawaz Sharif, a mensagem de que entrámos em Lahore. Ele pode fazer o que quiser, mas não será capaz de nos travar. Os nossos bombistas vão continuar estes ataques”, prosseguiu o porta-voz.

Lahore é a segunda maior cidade do Paquistão e é a capital da província de Punjab, a mais populosa do país e a base política do primeiro-ministro que, horas antes do atentado, tinha publicado uma mensagem sobre a celebração da Páscoa: “A Páscoa aumenta o espírito de respeito mútuo entre nós e é uma boa lembrança dos ensinamentos de Jesus Cristo, um dos grandes profetas de Alá”.

O impacto gerado pela explosão levou à separação de muitas famílias presentes em Gulshan-e-Iqbal. O exército teve de intervir, ajudando a transportar os feridos para os hospitais, já que o número de viaturas era escasso.

O atentado deste domingo coincide com manifestações que têm decorrido desde a execução de Mumtaz Qadri, no final de fevereiro. Qadri foi condenado à morte depois de assassinar Salman Taseer, o governador da província de Punjab de quem era guarda-costas. Taseer era uma das mais populares vozes no Paquistão: foi morto a tiro pelo seu guarda-costas quando prometia reformar as leis de blasfémia.

A morte de Mumtaz Qadri agitou a parte mais extremista da comunidade muçulmana paquistanesa, que se opõe ao atual governo. Neste domingo, em Punjab, centenas de manifestantes atearam vários fogos diante do Parlamento e lançaram pedras contra a polícia, resultando em mais de 60 feridos.

O ministro-chefe de Punjab, Shahbaz Sharif, anunciou três dias de luto devido ao atentado e que todos os edifícios governamentais da província vão colocar a bandeira nacional a meia-haste.

Portugal e Estados Unidos condenam o ataque

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal já reagiu ao ataque. “Portugal condena este atentado e reafirma o seu compromisso com a luta internacional contra o terrorismo”, disse Augusto Santos Silva, em declarações à Agência Lusa. “É mais um atentado bárbaro”, afirmou o ministro, condenando o facto do ataque ter atingido crianças. “Além do que é comum a todos os atentados terroristas, atacar pessoas indefesas, este atentado visou especificamente uma minoria religiosa e muitas crianças”, afirmou Augusto Santos Silva.

Os Estados Unidos também condenaram o ataque. Num comunicado, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Ned Price, classificou o atentado como um “ato cobarde que, num local que foi durante muito tempo um parque agradável e tranquilo, matou dezenas de civis inocentes e fez muitos feridos”.

O porta-voz garante que os Estados Unidos apoiam o Paquistão. “Enviamos as nossas profundas condolências aos familiares das vítimas mortais”. “Os nossos pensamentos e orações estão com os muitos feridos na explosão”, acrescentou Ned Price. A administração norte-americana vai continuar a trabalhar com os seus parceiros, no país e em toda a região. “Juntos seremos inflexíveis” nos esforços, “para erradicar o flagelo do terrorismo”, salientou.

Artigo editado por Filipa Silva