O Bloco de Esquerda considera que a melhoria das condições laborais dos trabalhadores da STCP passam pela “associação dos trabalhadores à gestão da empresa, que é uma dimensão que não tem existido até agora”, afirmou Heitor de Sousa, esta terça-feira, à saída de uma reunião com o Conselho de Administração da empresa, no Porto.

A reunião foi pedida a propósito da reversão do processo de sub-concessão dos transportes públicos do Porto e depois de Heitor de Sousa e José Soeiro se terem reunido, na véspera, com a Comissão de Trabalhadores dos STCP.

A demissão de motoristas também esteve em discussão. “Sabemos que existe um grande descontentamento”, referiu o deputado que admite: “O aumento de motoristas no curto prazo não vai ser possível”. “O que vai ser feito este ano é, no fundo, repor aqueles que saíram e aqueles que vão sair este ano”, esclarece. A inversão da tendência não vai, no imediato, “repercutir-se visivelmente na recuperação dos níveis de serviço que existiam anteriormente”.

A remuneração a 100% dos feriados “é um tipo de matérias que deveria ser reposta mais rapidamente”, considera o deputado. Mas as decisões orçamentais não facilitam o processo. “O Conselho de Administração deu-nos conta que os graus de liberdade que têm, para que isso, por exemplo, seja reposto, são ainda bastante estreitos”, indica.

Heitor de Sousa lembra que “existe uma orientação da tutela expressa no programa do Governo que visa o aumento da oferta pública de transportes, nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto” e alerta: “Esse aumento de oferta pública de transportes tem de ser feito com mais veículos e mais motoristas ao serviço”.

Bloco defende alteração do regime jurídico

“A articulação da empresa no âmbito do futuro desenho da gestão da Área Metropolitana do Porto e a inclusão das autarquias nesse processo de articulação”, segundo Heitor de Sousa, são outras das preocupações do Bloco de Esquerda.

“É um processo que está em curso, começa agora dar os primeiros passos”, explica o deputado da Assembleia da República. Na sua opinião, “é muito importante que as autoridades metropolitanas façam parte da gestão integrada, mais lata, da região metropolitana e dos transportes que as servem”.

Esse trabalho já tem vindo a ser feito: “Tivemos a informação de que foram criados grupos de trabalho, por parte da STCP e das autarquias, de forma a que essa integração venha a ser possível, a breve prazo”, revela.

Todas estas questões, defende Heitor de Sousa, têm um entrave: “o regime jurídico que está em vigor”. “Se não for alterado agora, todas as indefinições que existem no modelo de gestão da área metropolitana de Lisboa e do Porto mantêm-se”, refere.

O Bloco de Esquerda diz ter propostas neste sentido. Mas Heitor de Sousa afirma: “Queremos avançar apenas quando soubermos que o Governo tem outras”. “É preciso que as intenções passem para o papel”, alerta o deputado.

O futuro da STCP, para Heitor de Sousa, deve passar, por fim, por uma articulação com a Metro. “O aumento da oferta de transportes tem de ser articulado com o Metro, com o aumento da oferta do metropolitano”, defende. “Há manifestações de interesse positivas, mas não passam disso”, desabafa o deputado do Bloco de Esquerda.

 

Artigo editado por Filipa Silva