Perto de 200 mil pessoas sofrem da doença bipolar em Portugal. Trata-se de uma perturbação psiquiátrica caracterizada por oscilações muito acentuadas do estado de humor, com crises de euforia – mania – e de depressão.

De acordo com Lídia Águeda, psicóloga na Delegação da Região Norte da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB), o preconceito ligado à psicopatologia continua presente no seio da sociedade civil, muitas vezes fruto da falta de conhecimento.

Este tabu social surge como uma barreira na vida dos doentes bipolares. Quem o diz é a especialista da ADEB. Para Lídia Águeda, o desconhecimento da perturbação bipolar pode ser explicado pelo caráter silencioso das doenças mentais.

Perante o estigma, os meios de comunicação social desempenham um papel fulcral, “mas tem de ser um papel muito bem estruturado e trabalhado, no sentido de informar e não estigmatizar ainda mais. Podem ser um elemento chave no trabalho de informação e de fazer chegar o conhecimento à população”, adianta a psicóloga.

A doença bipolar, tal como as restantes psicopatologias, assemelha-se às doenças físicas. Apresenta determinadas causas, provoca certos sintomas e requer um tratamento específico. Mas as enfermidades psicológicas sempre foram temidas e mal interpretadas, o que afeta também a autoestima dos doentes, que chegam a sentir-se desintegrados do meio social.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a doença bipolar afeta cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo. A perturbação pode ser incapacitante, mas é possível controlá-la. Além do apoio familiar, o tratamento passa por prevenir e encurtar as crises através de medicamentos estabilizadores de humor e psicoterapias educativas. Aqui a ADEB assume uma grande importância ao promover atividades pedagógicas junto da comunidade de doentes bipolares.

Esta quarta-feira assinala-se o Dia Mundial da Perturbação Bipolar.  Para comemorar, o Pólo de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto vai acolher, às 14h30, uma palestra educativa com temas alusivos à doença bipolar. A sessão vai contar com a presença de vários especialistas.

 

Artigo editado por Filipa Silva