No dia das mentiras, o JPN foi conhecer a doença que leva a que muitas pessoas mintam devido a um transtorno obsessivo-compulsivo.

Não é por mentir muitas vezes que se vai tornar num mitómano. Contudo, um mitómano mente muitas vezes, compulsivamente. É um vício que leva o doente a mentir sem o objetivo de manipular. Para perceber melhor esta questão, o JPN esteve à conversa com a Rosa Gonçalves, especialista em psicopatologias da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).

De acordo com a psicóloga, nem sempre é fácil reconhecer um mitómano, uma vez que os pacientes com esta patologia não querem contar a outros que sofrem da mesma, sofrendo muitas das vezes com isso. De acordo com Rosa Gonçalves, os dados existentes sobre a doença são diferentes da realidade, pois a maior parte dos mitómanos não admitem perante si próprios que sofrem de um transtorno obsessivo-compulsivo que faz com que sejam viciados na mentira, apesar de terem consciência de que estão a mentir.

Existem várias teorias sobre as causas da mitomania. Entre fatores genéticos, relacionamento que o mitómano tem com os pais na infância ou experiências ao longo da vida, Rosa Gonçalves indica que “normalmente o que se pensa que está por trás da mitomania é uma baixa autoestima, uma necessidade que o individuo tem de ter atenção dos outros e de se proteger de situações mais constrangedoras”.

Apesar do diagnóstico não ser, muitas das vezes, fácil existe tratamento para a doença. Contudo, é essencial que o mitómano queira ser tratado e esteja completamente envolvido no processo.

A mitomania é uma doença que, de acordo com Rosa Gonçalves, é mais frequente nos homens. Não existe uma idade específica para a doença se desenvolver, contudo, o diagnóstico é feito depois dos 18 anos, quando se considera que a personalidade está formada.

 

Artigo editado Filipa Silva