O Jornal Universitário do Porto (JUP) tem um novo plano de financiamento. Depois de ter perdido o apoio da reitoria, no ano passado, a nova direção procura soluções. Uma delas passa por uma campanha de “crowfunding”, lançada nas redes sociais, ainda sem data definida.

De acordo com Beatriz Carneiro, presidente do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto (NJAP), o novo plano de angariação de fundos para o JUP passa por “uma medida que tenha impacto no público”. A co-diretora do jornal, Beatriz Pinto, acredita esta pode ser uma estratégia mais visível “para atingir um público muito mais vasto”.

Como e quando vai ser posto em prática o plano, ainda não está definido. A presidente do NJAP, órgão que trata das questões burocráticas do JUP, refere que “ainda não há data marcada, mas será nas próximas semanas, porque é urgente”. O que é certo é que vai ser algo que “não passe despercebido”.

Neste momento, a angariação de fundos está a ser feita por outras vias. “Estamos a tentar vender a revista Águas Furtadas, as edições antigas, da primeira à décima. Estamos a vender por três euros”, esclarece Beatriz Pinto, co-diretora do JUP. “Começámos a vender pelos colaboradores e agora queremos chegar a outro público, em diversas faculdades, em diversas feiras de livros”, acrescenta.

“O objetivo é chamar a atenção de outros tipos de público, porque há público que não nos conhece tão bem”, afirma Beatriz Carneiro. Além dessas iniciativas, a co-diretora do JUP declara que têm recebido “doações de quem acredita no propósito do Jornal Universitário do Porto”.

A relação entre a reitoria e o jornal universitário mais antigo do país continua sem dar frutos. A antiga direção do JUP havia apresentado uma carta aberta, no ano passado, que dava conta da falta de apoio por parte da instituição. A atual presidente do NJAP refere que os contactos com a reitoria não foram retomados “porque há outros assuntos pendentes” que querem tratar primeiro, “antes de entrar no assunto do financiamento”.

Ao JPN, fonte da reitoria da Universidade do Porto diz não tecer comentários sobre o assunto. “Estamos à espera que nos contactem, porque ainda não o fizeram”, informa.

O caminho da nova direção passa por criar novas parcerias, explica Beatriz Carneiro: “Estamos à procura de outros parceiros, para que o JUP tenha sempre outras possibilidades. Nós só tínhamos o financiamento da reitoria e o que aconteceu foi que, a partir do momento em que deixamos de ter, ficamos sem financiamento nenhum”.

A co-diretora do jornal, Beatriz Pinto, adianta ainda ao JPN que a aposta tem sido, sobretudo, em instituições ligadas à cultura “porque o JUP tem um enfoque bastante cultural, do que é que se passa no Porto, ao nível da cultura”.

“As parcerias que estamos a tentar estabelecer têm sempre em vista o jornal impresso”

A última vez que o jornal impresso saiu às ruas foi em janeiro de 2015, última edição financiada. No entanto, a luta da direção do JUP e do NJAP continua a passar por retomar a edição em papel.

“Nunca vamos querer prescindir da edição impressa”, garante Beatriz Pinto. “O plano de parceiros que nós organizamos é, também, nesse sentido. É um dos objetivos principais que temos neste momento”, frisa Beatriz Carneiro.

A edição impressa é uma marca do jornal. “O nosso maior público gosta do impresso e lê o impresso. Fica a conhecer o JUP por isso mesmo”, reforça a co-diretora do jornal. “Queremos reportagens, queremos entrevistas, queremos o que o jornalismo não está ter neste momento, por causa do imediatismo, queremos jornalismo de investigação e só com o jornal impresso é que isso é possível”, declara Beatriz Pinto.

A mudança passa, ainda, pelo “site”. “Em breve, nos próximos meses, possivelmente, o site já vai estar com uma nova cara e até novas possibilidades de interação com os autores vai ser possível”, explica a co-diretora.

Este passo será um instrumento fundamental para a criação de parcerias: “Estamos a planear incluir no novo ‘site’ uma página dedicada apenas às parcerias”, refere Beatriz Pinto. Este pode ser “um instrumento para divulgar o jornal e para tornar a edição impressa possível”, acredita.

Artigo editado por Sara Gerivaz