Bernardo dos Passos, Juliana Rocha e Maria Li são os três alunos da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) que estão neste momento na cidade de Shenzhen, na China, a realizar um estágio de seis meses no Ateliê A+E Design.

Marco Ginoulhiac é o professor responsável pelo protocolo que levou estes alunos ao continente asiá tico. O professor de arquitetura iniciou este projeto em 2014. Marco recebeu o “contacto de um colega que está a trabalhar na China” que “lançou o desafio no sentido de poder ter colaboradores europeus a trabalhar com ele”.

O professor da FAUP achou “interessante” iniciar um protocolo que permitiria a alguns alunos “ter uma experiência de trabalho” entre três a seis meses “num gabinete de Arquitetura e Engenharia muito grande”. Passadas todas as burocracias necessárias foram selecionados este ano os alunos que iriam para o país da grande muralha.

Uma experiência “alucinante”

Os estudantes chegaram no final de março à China para estagiar e as novidades são muitas. “Está a ser alucinante”, revela Juliana Rocha, que terminou o mestrado na FAUP em 2014. Para a arquiteta de 29 anos, o ritmo é tal que é “demasiada informação para assimilar em simultâneo”. “A forma como eles se organizam no meio de algo a que chamaríamos ‘caos’ é um factor claro de que as nossas culturas são bastante diferentes”, constata a arquiteta, sobre o modo de vida chinês que, apesar da “desorganização”, tem a sua ” lógica” e “aparenta resultar”.

Para Juliana Rocha, ainda é “cedo” para tirar conclusões sobre esta oportunidade, mas a jovem de Valongo garante que “uma experiência assim acontece poucas vezes na vida” e que “sair da zona de conforto é o melhor que nos pode acontecer”.

As vantagens de uma experiência assim

Sobre o trabalho que está a realizar no ateliê de arquitectura, Juliana não hesita em responder que “todos os detalhes enriquecem o conhecimento e ajudam a desenvolver as capacidades técnicas e de raciocínio a nível profissional”.

Também a nível pessoal, o crescimento faz-se sentir. Juliana Rocha afirma que viver num país como a China faz com que a sua “capacidade de adaptação e compreensão das diferentes posturas do ser humano perante o dia a dia” se desenvolva. “Até as situações menos boas servem para aprender algo, passa tudo por novas experiências, novas reacções, novas pessoas, novos conhecimentos, novos contactos”, expõe a jovem arquiteta.

Marco Ginoulhiac também reconhece as vantagens desta nova fase para os seus alunos: “É uma oportunidade única de vida”, realça o professor da FAUP. “Um gabinete desta escala trabalha de uma maneira muito diferente dos gabinetes locais com uma dúzia de colaboradores e, por isso, vão ter acesso a sistemas de produção de arquitetura muito diferentes”, explica o professor. “Na China projetam-se cidades inteiras e a economia tem uma velocidade de crescimento muito acelerada, que na Europa não existe”, acrescenta Marco.

Sobre o seu futuro em Portugal, Juliana Rocha tem ideias firmes: “Temos futuro onde nos propusermos a trabalhar para que isso aconteça”. “Acho que o meu futuro vai passar por Portugal”, remata a aluna da FAUP.

Marco Ginoulhiac garante que esta relação entre a FAUP e os locais de estágio internacionais é para “manter ao longo do tempo” e “não só neste gabinete”. A ideia é continuar a “política de internacionalização da faculdade”, conclui o professor.

Artigo editado por Sara Gerivaz