O mais recente relatório sobre os mercados da droga da União Europeia destaca Portugal em algumas das suas conclusões. O estudo conjunto do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) e da Europol refere que, em 14 países analisados, o maior número de interceções de cocaína através de correio aéreo foram realizadas na Holanda e em Espanha, seguidos de França e Portugal.

Nesse sentido, em Portugal e Espanha estão os portos de entrada mais importantes a sul da Europa, juntando-se aos Países Baixos, a norte, como o meio de entrada na Europa de eleição para os distribuidores de cocaína da América do Sul.

Principais fluxos do tráfico de cocaína para a Europa

Principais fluxos do tráfico de cocaína para a Europa

O tráfico de droga internacional tem ganho contornos de sofisticação mais elevados. Exemplo disso é a capacidade de algumas organizações de crime organizado para “mascarar” as substâncias ilícitas em produtos perfeitamente legais.

A cocaína pode ser incorporada num leque alargado de materiais, incluindo cera, fertilizantes, café, cacao, plástico, roupa, líquidos, alimentos, combustíveis e papel. Em alguns casos, isto permite que carregamentos de droga permaneçam indetetados mesmo nos testes de despiste comuns.

A substância é mais tarde recuperada através de um processo secundário de extração (na foto), mas ainda existe pouca informação sobre o processo na UE. Alguns laboratórios que executam esse processo de extração foram identificados nos últimos anos em Portugal, Espanha, Holanda e Polónia, como se pode ver na imagem abaixo.

Imagens de uma apreensão a um laboratório de "extração secundária" feitas Polícia Judiciária portuguesa

Imagens de uma apreensão a um laboratório de “extração secundária” feitas Polícia Judiciária portuguesa Foto: PJ

Compra de canábis fora das ruas

O relatório agrega dados de vários inquéritos realizados pela europa. Um inquérito online a consumidores de droga em seis países europeus (República Checa, Itália, Holanda, Portugal, Suécia e Reino Unido) revela que três quartos dos inquiridos comprou cocaína pelo menos ocasionalmente (metade destes respondeu que por vezes terá comprado e outras vezes terá sido oferecido ou partilhado com amigos).

Outro inquérito, direcionado especificamente a consumidores de canábis em sete países europeus, revela que a compra desta substância se faz em Portugal sobretudo fora do espaço público. A resposta mais dada pelos inquiridos, quanto ao local de compra da droga, foi: numa habitação, do próprio vendedor ou de outra pessoa. Na opinião dos autores do estudo, este facto demonstra uma maior proximidade ao vendedor, bem como um acesso mais fácil à droga mais consumida no continente europeu.

 

Artigo editado por Filipa Silva