O Fundo Monetário Internacional (FMI) recebeu um pedido fornal do Governo angolano para um programa de assistência financeira, por um período de três anos. Num comunicado, o Subdiretor-Geral do FMI, Min Zhu, afirma que “a descida acentuada dos preços do petróleo desde meados de 2014 representa um grande desafio para os exportadores de petróleo, sobretudo aqueles cujas economias ainda precisam de se tornar mais diversificadas.”

Cotação do Petróleo

Antes da crise da cotação do petróleo, cada dólar valia menos de 100 kwanzas. No período de um ano, o kwanza desvalorizou cerca de 40%, devido à crise económica, financeira e cambial em Angola. Nos bancos, para comprar um dólar são necessários 161,468 kwanzas.

A organização demonstrou que está pronta a colaborar: “O FMI está pronto para auxiliar Angola a abordar os desafios económicos que o país enfrenta, através do apoio a um pacote completo de políticas para acelerar a diversificação da economia, salvaguardando, em simultâneo, a estabilidade macroeconómica e financeira”.

Luanda assume também que haverá um reforço na “agricultura e pescas e na mineração”, já que “considera a expansão desses setores como uma ferramenta importante na melhoria do emprego a nível nacional”.

O Governo angolano rejeita estar perante um pedido de resgate financeiro. Numa nota de esclarecimento enviada à Agência Lusa pelo Ministério das Finanças, as autoridades do país africano falam antes num Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação do tecido económico, hoje largamente dependente do petróleo.

Esta vai ser a segunda intervenção do FMI no país liderado por José Eduardo dos Santos. No entanto, as circunstâncias são diferentes. Em 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) angolano situava-se nos 7,4%. Em 2015 ficou nos 3,5%, e a previsão é que este ano caia para 1,4%.

O valor do empréstimo ainda não é conhecido. Contudo, economistas que têm acompanhado a situação acreditam que o montante deverá ser superior aos 1.230 milhões de euros recebidos no programa anterior, também com uma duração de três anos.

O poder do “ouro negro”

Em janeiro, Job Graça, ministro do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial de Angola, informou em Conselho de Ministros que o país tinha perdido mais de 5 mil milhões de euros com a quebra da cotação internacional do petróleo.

Angola é um país bastante dependente da produção petrolífera. O petróleo representa cerca de 45% do PIB angolano e 95% das exportações.

A queda do preço nos mercados internacionais desencadeou o pedido de assistência financeira, sendo que o Governo angolano espera “que a estrutura das exportações do país seja radicalmente alterada brindando a economia nacional com influxos em divisas de fontes diversificadas que reforçarão a solvabilidade e credibilidade externa”, lê-se num comunicado do Ministério das Finanças Angolano.

As negociações devem começar na próxima semana, durante as Reuniões de Primavera em Washington – entre 15 e 17 de abril – e numa “visita a Angola em data próxima, para tratar de um programa económico que possa ser apoiado por um acordo de três anos ao abrigo Programa de Financiamento Ampliado”.

Para as 16h00 desta quinta-feira está agendada uma conferência de imprensa, em Luanda, do ministro das Finanças angolano para prestar esclarecimentos sobre o pedido.

 

Artigo editado por Filipa Silva