A doença que foi a causa direta de cerca de 1,5 milhões de mortes em 2012 está em destaque no Dia Mundial da Saúde deste ano. “Vencer a diabetes” é o tema promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os objetivos são aumentar a consciencialização, preparar medidas de prevenção e de diagnóstico e lançar o primeiro relatório global sobre a diabetes.

O documento, um dos maiores trabalhos sobre diabetes até ao momento, apresenta “os custos e as consequências da doença” e a necessidade de “defender sistemas de saúde mais robustos, para garantir melhor vigilância, prevenção e uma gestão mais eficaz da diabetes”.

Segundo o relatório, a doença pode vir a ser a sétima causa de morte até 2030. Atualmente, a diabetes afeta 387 milhões de pessoas em todo o mundo e a obesidade é apontada pela OMS como o principal fator de risco associado à doença.

Em Portugal, a organização mundial diz que a doença mata 12 pessoas por dia. Já o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes de 2014 assegura que a prevalência estimada da diabetes na população com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,1%, isto é, mais de um milhão de portugueses neste grupo etário tem diabetes.

O presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel Guimarães, considera a escolha da doença para tema do Dia Mundial da Saúde deste ano “uma boa decisão da OMS, na medida em que a diabetes é uma doença que tem graves consequências a médio e longo prazo”.

Em declarações ao JPN, o dirigente destaca ainda os elevados custos que a diabetes acarreta para a sociedade, em termos de internamentos e consumo de medicamentos. “A diabetes tem um peso muito grande naquilo que é o orçamento de estado para a Saúde e, por outro lado, tem consequências nocivas para os doentes”, explica Miguel Guimarães.

Luís Gardete, presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), concorda e também salienta os custos que a doença exige. “Está uma profunda pandemia no mundo inteiro, exigindo recursos económicos, sociais, e humanos. É a doença do século XXI”, garante o médico, em declarações ao JPN.

O presidente da APDP não esconde a preocupação com a expansão da doença e apresenta previsões. “Prevê-se que daqui a 20 ou 30 anos o número de pessoas com diabetes ultrapasse quase os 700 milhões”, assegura Luís Gardete. O presidente da CRNOM acrescenta: entre 2004 e 2014, “os custos para os utentes aumentaram dos 3,4 para os 20,6 milhões de euros”.

População mais informada

Mas nem tudo são más notícias. Para Luís Gardete, a população “já esteve pior informada”. “Há campanhas e projetos, portanto acho que demos um passo importante”, remata.

A CRNOM vai participar nas comemorações da Assembleia da República (AR), que conta com a presença do ministro da Saúde e do primeiro-ministro. No local, vão ser atribuídas várias medalhas de ouro a personalidades da área da Saúde.

A diabetes está em destaque por atingir cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. É caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue, a hiperglicemia.

 

Artigo editado por Sara Gerivaz