O Porto tem uma revolução tecnológica em curso e o seu manifesto foi apresentado no sábado pelo Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), pela Câmara do Porto (CMP) e pelo Comissário Europeu da Inovação Carlos Moedas. Trata-se do ScaleUP e centra-se no desenvolvimento das “startups” baseado na inovação e na competitividade. Este novo projeto visa promover o emprego, o desenvolvimento económico, a internacionalização e o bem-estar dos cidadãos, assente na ideia do desenvolvimento tecnológico sustentável de uma cidade.

O projeto é do UPTEC e conta com a parceria da CMP. Mas vamos por partes. O que é o ScaleUP? Depois de passar pela fase embrionária, validarem o seu modelo de negócio e darem início ao ciclo de investimento, as “startups”, que ao fim de três anos têm que sair da incubadora, neste caso, o UPTEC, e que têm capacidade de ganhar escala – “scaleup”, no termo inglês – vão precisar de apoio para crescerem e ganhar mundo. É nesta premissa que assenta o manifesto. “É muito importante para o UPTEC saber se há algum acolhimento para estas empresas que estão em fase de crescimento, depois de saírem do parque”, explica ao JPN um dos diretores da UPTEC, Carlos Brito.

O pró-reitor da UP salienta que o UPTEC tem dez anos de experiência na incubação e acolhimento dos centros de inovação de grandes empresas. Normalmente, as empresas deixam a incubadora da UP e “voam” sozinhas ao fim dos três anos. “Há exceções. Temos empresas-âncora que, sendo dinamizadoras dentro do ecossistema, já estão connosco há mais tempo. Mas, tirando esses casos, não nos interessa que as empresas permaneçam se não oferecerem competitividade”, afirma o professor Carlos Brito.

O diretor da UPTEC revela ainda que a CMP tem um grande interesse neste projeto “porque é uma forma de atrair investimento e empresas inovadoras com grande potencial de internacionalização para a cidade do Porto. “O ScaleUP é uma forma de atrair e reter empresas que apostam no conhecimento enquanto fator de competitividade à escala global e que dão emprego à mão de obra altamente qualificada. Isso é ótimo para o Porto e para o país”, defende Carlos Brito.

Um exemplo de sucesso que nasceu na UPTEC é a empresa de software BLIP. Após os três anos de incubação, instalou-se no Porto, já conta com 250 funcionários e processa mais transações por dia do que a bolsa de Londres. “Começou com duas pessoas na UPTEC. Não demos dinheiro, mas colocamos em contacto com quem tem dinheiro. Não vendemos nada, mas colocamos em contacto com quem vende. Não demos conhecimento científico, mas colocamos em contactos com os cientistas”, lembra um dos diretores da UPTEC.

Para além da empregabilidade e do crescimento sustentável tecnológico, o ScaleUP representa “uma difusão de boas práticas” que pode “influenciar todos os cidadãos”. E a UPTEC é ambiciosa. “A ideia é criar empresas que valham mais que mil milhões de doláres [os chamados “unicórnios” no mundo empresarial] e ter empresas de topo ao nível mundial. Termos uma Google ou uma Apple. Não sei se vamos conseguir, mas temos que tentar”, ambiciona Carlos Brito.

 

Artigo editado por Filipa Silva