A pasta da Cultura já tem um novo ministro. Depois da demissão de João Soares, António Costa nomeou, este domingo, o atual representante de Portugal junto do Conselho da Europa em Estrasburgo, Luís Filipe Castro Mendes, para assumir o cargo de ministro da Cultura.

Há também um novo secretário de Estado. Miguel Honrado, presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional de D. Maria II, vai substituir Isabel Botelho.

Segundo o site da Presidência da República, a tomada de posse vai ser dia 14 de abril, quinta-feira, quando Marcelo Rebelo de Sousa chegar de Estrasburgo, onde vai intervir no Parlamento Europeu.

Quem é o novo ministro da Cultura?

Luís Filipe Castro Mendes nasceu em Idanha-a-Nova, no ano de 1950. É licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, mas foi na área das relações internacionais e da cultura que fez carreira.

Passou por Angola, Espanha e França nos seus primeiros tempos como diplomata, mas seria em Budapeste (Hungria) e Nova Deli (Índia), que representaria Portugal como embaixador. Ainda na área internacional, foi também cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, embaixador de Portugal junto da UNESCO em Paris e, desde 2012, estava no Conselho da Europa.

Luís Filipe Castro Mendes

Idade: 66 anos

Naturalidade: Idanha-a-Nova

Formação universitária: Direito

Países onde foi embaixador: Hungria e Índia

Cargos de relevo: Embaixador de Portugal na UNESCO  e representante de Portugal no Conselho da Europa

Obras de maior sucesso: “Seis Elegias e Outros Poemas” (1985) e “O Jogo de Fazer Versos” (1994)

A literatura esteve sempre presente na vida de Castro Mendes. Publicou pela primeira vez, em 1983, “Recados”, numa colecção de jovens poetas e ganhou o Prémio da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto com “Seis Elegias e Outros Poemas”.

No entanto, uma das obras com que mais se afirmou foi “O Jogo de Fazer Versos” de 1994. O nome do novo ministro da Cultura é também referido na edição “Livros Portugueses do século XX”, publicado pelo Instituto Camões.

Politicamente, situa-se na ala mais à esquerda do Partido Socialista. Antes do 25 de Abril, participou nas lutas académicas e, logo após a revolução dos cravos, fez parte do Movimento da Esquerda Socialista (MES). Foi assessor de Melo Antunes no Ministério dos Negócios Estrangeiros e, em 1983, do Presidente da República Ramalho Eanes.

Os trunfos do novo ministro

Ao JPN, Nuno Júdice referiu as vantagens e trunfos de Castro Mendes. “A expectativa criada depois de um longo período em que o Ministério passou a secretaria de Estado, durante o governo anterior, e do incidente que conduziu à demissão do anterior ministro”, são, para o poeta e professor universitário, alguns dos fatores que favorecem o novo ministro da Cultura.

A carreira internacional do antigo embaixador é outra vantagem que ajudará Castro Mendes na pasta da Cultura. “Hoje, é impossível afirmar uma cultura sem essa dimensão internacional. Com o aumento do turismo, devido às crises internacionais, a cultura será um dos atrativos para que essa dinâmica prossiga”, constatou Nuno Júdice. O professor acrescentou que “a sua experiência no estrangeiro ser-lhe-á muito útil para não ceder à tentação de centrar tudo nos grandes meios urbanos”.

A poetisa Ana Luísa Amaral espera de Castro Mendes um ministro que “apoie a cultura em todas as suas vertentes”, incluindo “áreas muito fragilizadas como o teatro”.

Apesar da investigadora da Universidade do Porto considerar que “a carreira diplomática poderá ter dado instrumentos para lidar com áreas nevrálgicas” ao novo ministro, Ana Luísa Amaral prefere destacar o “bom poeta” e a “pessoa humana” que vê em Castro Mendes.

Nuno Júdice elogiou a “dose de realismo” do novo ministro necessária para conseguir trabalhar “neste quase meio ano de governo” em que os meios “são escassos” e onde já há “compromissos” que “possivelmente não permitirão grandes iniciativas até ao próximo Orçamento de Estado”.

 

Artigo editado por Filipa Silva