O ativista Nuno Álvaro Dala vai pôr fim à greve de fome que levava a cabo desde 10 de março, como forma de protesto contra as “violações” dos seus direitos. As primeiras indicações de que o professor universitário estaria a pensar terminar o protesto surgiram na terça-feira.

Com o fim da greve de fome, o ativista completa esta quinta-feira 36 dias de protesto, o mesmo número de anos que José Eduardo dos Santos leva no poder. Numa carta que entregou ao advogado Luís Nascimento, Dala garantiu que a greve de fome vai terminar no primeiro minuto de sexta-feira. Na nota que escreveu esta quinta, Dala retificou a informação “falsa” de que já teria posto fim ao protesto, salientando que “em momento algum” a suspendeu. Dala felicitou ainda o facto de as autoridades terem acedido “em grande medida” às suas “exigências” e que essa razão, aliada aos “apelos dos familiares, amigos, colegas e médicos”, motivou a sua decisão.

Em declarações ao JPN, o militante do partido angolano Bloco Democrático, Nelson Pestana, garantiu que, quando puser fim à greve, Dala “vai iniciar uma dieta líquida” na clínica Girassol, onde está internado. O professor da Universidade Católica de Luanda avançou que, na visita desta quinta-feira de manhã à clínica, o médico lhe disse que “a avaliação é boa” e que Dala “tem os níveis normais”.  De acordo com Nelson Pestana, as situações de pneumonia e paludismo – provocado pelos mosquitos na cadeia – já foram “curadas”.

A condição para que Dala aceitasse os pedidos dos militantes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) era a restituição dos bens que lhe foram retirados na data da sua detenção, a 20 de junho. Raquel Chiteculo, esposa de Nuno Dala, confirmou que o marido vai terminar a greve “brevemente”, mas que “faltam os 30 euros que estavam na carteira dele e os livros.” Nelson Pestana contou ao JPN que as “autoridades vão devolver todos os livros que Dala reclamava”, acrescentado que “garantiram comprar os que tiverem sido extraviados”.

Na tarde de terça-feira, uma delegação de membros da UNITA reuniu-se com Nuno Dala com vista ao fim da greve de fome. Depois de as deputadas Anita Raquel Filipe e Maria de Luísa Andrade terem apelado, “enquanto mães”, à emoção do ativista e depois de as autoridades terem prometido a restituição dos bens em falta, Nuno Dala mostrou-se mais recetivo.

À semelhança de Luaty Beirão, também Dala estabelece os 36 dias de greve como meta.