Vila Nova de Gaia acordou cedo este sábado e reuniu-se na câmara municipal para ver apresentado o projeto de reabilitação do Jardim do Morro. O presidente da Câmara Municipal de Gaia (CMG), Eduardo Vítor Rodrigues, declarou ao JPN que o jardim vai estar em plena obra no outono e “se o tempo ajudar até ao início de 2017 vai estar concluído”.
Um dos responsáveis do projeto, o arquiteto paisagista Nuno Cunha Gomes, afirma que a intenção é minimizar ao máximo o impacto das novas estruturas e reabilitar as que já existem. “A intervenção é minimalista e não poderia ser de outra maneira. Trata-se de um jardim histórico e de interesse público e, por isso, há regras. Nós queremos preservar as características da época em que foi construído, devolvendo-lhe assim, a sua identidade inicial”, sublinhou o arquiteto.
A equipa de arquitetos, que conta também com Nuno Oliveira e Francisco Saraiva, pretende manter os caminhos do jardim e a calçada portuguesa e renovar as estruturas existentes, como o lago, o miradouro e a gruta.
As principais intervenções vão ser feitas, maioritariamente, em locais que são os de maior utilização, conferindo ao espaço soluções funcionais para todos os utentes. O projeto prevê que haja um parque geriátrico, um parque infantil renovado, novos sanitários públicos acessíveis a todos e uma vegetação renovada.
A isto junta-se uma zona de bar e várias áreas de lazer como o auditório ao ar livre onde poderão ser realizados eventos ou, simplesmente, ser um lugar de contemplação, onde as pessoas podem estar sentadas ou deitadas, com vista para o Douro.
Os gastos estimados para as obras rondam os 500 mil euros e será 100% financiado pela CMG. A reabilitação estava prevista para arrancar o ano passado, mas Eduardo Vítor Rodrigues afirmou que faltava financiamento. “Tivemos a viver um processo de saneamento financeiro e fomos contidos. Analisamos o processo, dialogamos com as pessoas e agora temos todas as condições para avançar”, justificou o presidente da CMG.
Neste momento decorrem os trabalhos dos projetos de especialidades nas áreas da iluminação e saneamento, por exemplo. Em junho será lançado um concurso público para a empreitada.
As ideias que foram apresentadas neste sábado são também fruto de várias propostas que foram feitas ao longo do tempo para o jardim, nomeadamente pelos alunos do curso de Arquitetura Paisagista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
O Jardim do Morro é um projeto que está incluído num plano da CMG, simbolicamente chamado de “Gaia Verde com qualidade”. Este plano prevê a reabilitação de espaços públicos e verdes. “Há um esforço financeiro assinalável de valorização ambiental” e “a Câmara de Gaia orgulha-se de ter projetos inteligentes, sustentáveis e ambiciosos. E fá-lo a pensar nas pessoas e nas instituições e não no betão”, salienta Eduardo Vítor Rodrigues.
No fim do discurso do presidente da câmara, uma moradora da Rua Rocha Leão, que é adjacente ao jardim, levantou-se e expôs as suas preocupações. Entre elas, a falta da maquete do projeto na apresentação, a falta de segurança e a ideia do auditório que parece grande e “mal projetado”. A utente do jardim, Maria José Laranjeira afirmou com indignação que “ama Gaia e Portugal” e que “fica danada quando há cortes e intervenções menos positivas”. “Estou farta que embolsem o nosso dinheiro”, completou.
Nuno Cunha Gomes defendeu-se dizendo que as queixas dos moradores são fruto das obras feitas pelo teleférico e pelo restaurante que será construído na estação alta da atração turística. “É normal que tenham dúvidas, anseios e ideias mal interpretadas. Mas essas obras nada têm a ver com o que foi apresentado aqui hoje. O jardim é público e é para todos. Vamos reunir-nos para perceber e absorver as expectativas dos moradores e integrá-las no projeto”, prometeu o arquiteto.
O Jardim do Morro foi inaugurado em 1927 e está igual ao que era. A empresa responsável pelo projeto foi a Alfredo Moreira da Silva & Filhos que continua a existir e a fazer jardins. O espaço está na área de proteção ao Monumento Nacional “Mosteiro da Serra do Pilar”. Está localizado próximo da ponte D.Luís I e possui vista panorâmica privilegiada sobre o Rio Douro.
