O episódio racista envolvendo um estudante português e um cidadão polaco, na cidade de Rzeszów, no sudeste do país, não passou de “uma agressão verbal”, segundo fonte oficial da Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas.

O JPN contactou a Secretaria de Estado das Comunidades, que relatou não ter conhecimento de qualquer agressão física, apenas “uma ofensa verbal feita por uma pessoa a outra”. No caso, por parte de um ex-militar das Forças Armadas Polacas a um estudante português de 18 anos.

O incidente ocorreu à saída do hostel onde o grupo estava alojado. Os insultos xenófobos deram origem a uma queixa na polícia local por parte do responsável pelos alunos, conta-nos fonte oficial. E acrescenta: “Depois, tendo-se verificado que se tratava de um ex-militar, a queixa foi transferida para a polícia militar”.

Depois disso, a Direção Geral revela que “os restantes 15 estudantes portugueses que se encontravam na mesma cidade mudaram de hostel e foram reforçadas as medidas de segurança”.

“O estudante nem sequer apresentou queixa. A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas tem estado a tentar contactá-lo, mas presume-se que esteja sanado, uma vez que ele não tem respondido aos contactos”, informa fonte oficial.

A secção consular da embaixada portuguesa na Polónia pediu informações sobre o sucedido às autoridades locais, estando a acompanhar o caso “na medida em que este merece acompanhamento”.

“Relativamente a quem pagou ou encomendou segurança privada, não temos qualquer informação”, garante fonte da Direção Geral, indicando ainda que o acompanhamento se irá manter. No entanto, “se o caso está encerrado, como parece acontecer, resta-nos esperar um relato das autoridades”, rematou.

O jovem encontra-se na Polónia no âmbito do programa Erasmus+, um programa da União Europeia para a Educação, Formação, Juventude e Desporto. Neste intercâmbio, o aluno frequenta um curso de Eletrotecnia desde o passado dia 3. A hipótese de antecipar o regresso a Portugal “nem sequer se colocou”, refere a Secretaria de Estado.

Recorde-se que, segundo o portal “Rzeszów News”, na noite do passado dia 9 de abril, quando o grupo de jovens portugueses saía da unidade hoteleira, um homem de 38 anos puxou um estudante pela roupa e cabelo, enquanto lhe chamava “lixo”.

Esta cena foi o culminar de um conjunto de ataques discriminatórios aos alunos, que têm sido diversas vezes confundidos por migrantes muçulmanos. Gestos obscenos e insultos fazem parte do rol de impropérios que lhes são dirigidos em lojas, nos transportes públicos e na rua.

Perante este cenário, e ainda de acordo com o jornal local, o professor responsável pela estadia dos jovens, Stanislaw Augustine, decidiu arrendar uma habitação nos subúrbios da cidade e recorreu aos serviços de uma empresa de segurança privada, para garantir a protecção dos seus pupilos.

A Universidade do Porto, contactada pelo JPN, assegura não ter recebido denúncias de outras situações racistas envolvendo estudantes da instituição em programas de intercâmbio.

 

Artigo editado por Filipa Silva