Entre o dia 6 e 29 de maio, o Senhor de Matosinhos arranca com uma programação diferente: “Video mapping”, o hip-hop de Mundo Secreto e o fado de Cuca Roseta e Camané são as principais novidades.

Através da técnica de “video mapping”, vai ser apresentado “um espetáculo de grande movimento e imensa cor por onde vão desfilar centenas de anos de história: de Matosinhos, da pesca, do Porto de Leixões e a história da própria romaria do Senhor de Matosinhos que tem mais de 600 anos de história e, portanto, tudo isso vai ser possível ver num curto espaço de tempo projetado numa tela do tamanho da fachada principal da Câmara Municipal de Matosinhos”, explica o vereador da Cultura, Fernando Rocha, ao JPN.

Fernando Rocha admite que este tipo de iniciativas “atrai” participantes e dá notoriedade ao evento: “O número de participantes tem vindo a aumentar. No ano passado, atingimos um milhão de pessoas e as expetativas para este ano são ainda maiores”, confessa.

De acordo com o vereador da Cultura, o orçamento para o evento é de 300 mil euros – três milhões é quanto a Câmara Municipal prevê gastar para toda a programação da Capital da Cultura do Eixo Atlântico.

O programa do Senhor de Matosinhos conta com diversas iniciativas: exposições, espetáculos de música, teatro e dança, uma feira do livro e o festival de literatura LeV, além da venda de artesanato e dos tradicionais carrosséis. As entradas são livres.

A lenda do Senhor de Matosinhos

O Senhor de Matosinhos é uma festa de tradição já com muitos séculos que remonta ao início do cristianismo na Península Ibérica e associa-se a lenda segundo a qual, o escultor Nicodemos, amigo de Jesus, reproduziu em madeira algumas imagens, as quais não pôde guardar por muito tempo, já que a perseguição que na época era movida aos cristãos não o possibilitava.

O artista e cristão preferiu entregar o seu trabalho ao mar Mediterrâneo, do que vê-lo acabar na fogueira. Uma dessas imagens terá atravessado o estreito de Gibraltar e chegado à praia de Matosinhos. A escultura, à qual faltava um braço, foi guardada e venerada pela população.

Na época foram mandados esculpir vários braços mas nenhum se ajustava à imagem. A lenda conta que muitas décadas depois, uma mulher que andava na praia a apanhar lenha, encontrou um pedaço de madeira maior que o habitual. Chegando a casa, atirou-o para o lume, mas logo este saltou para fora da lareira, episódio que se terá repetido por várias vezes.

Esta mulher tinha uma filha muda que, ao ver aquele facto estranho, miraculosamente falou pela primeira vez. É uma lenda relativamente conhecida e já com alguns séculos e a partir daí a própria igreja do Senhor de Matosinhos foi construída para albergar essa imagem.

A festa do Senhor de Matosinhos foi evoluindo e nos anos mais recentes adquiriu um estatuto que vai além do religioso. A dimensão religiosa mantém-se e continua a ser o centro da festa, mas a romaria popular tem ganho espaço.

 

Artigo editado por Filipa Silva