O estudo “Custo da Asma na CriançA” (CASCA), a cujas conclusões o JPN teve acesso, demonstra que existem, no nosso país, cerca de 175 mil jovens asmáticos e que metade não tem a doença sob controlo. A investigação, levada a cabo pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) indica ainda que o estado português gasta, em urgências e atendimentos não programados, entre 400 e 700 euros anuais por cada jovem paciente.

O JPN esteve à conversa com o investigador principal do estudo. João Fonseca começa por revelar que “uma criança controlada tem menos de um terço dos custos de uma criança não controlada”. Segundo o professor da FMUP, esta é a principal conclusão do trabalho.

O CASCA, que compila resultados de outros projetos de investigação sobre esta patologia respiratória, indica que se gastam 40 milhões de euros por ano em urgências por causa de crises de asma em crianças. João Fonseca ressalva que estes “são números que impressionam pela sua dimensão” e que, dos últimos 20 anos, fica “a impressão de que as melhorias não são tão grandes como aquelas que deviam acontecer”.

“Uma criança bem controlada não tem sintomas: dorme bem, pode fazer exercício, não tem de faltar às aulas nem de ir à urgência”, assegura o professor. Na sua ótica, “isto é a situação normal que devia acontecer com 90 a 95% das crianças com asma”. No entanto, João Fonseca acrescenta que “infelizmente, metade das crianças, em vez de 5 ou 10%, não está nesta situação”. Os resultados mostram que  “uma criança não controlada falta, em média, seis dias por ano letivo às aulas”.

Tendo por objetivo “fazer uma descrição” do cenário atual, o projeto “deve fazer-nos meditar” e “tentar encontrar soluções para melhorar este estado de coisas”, confessa o professor da FMUP. Além disso, atribui importância ao trabalho pela contribuição que dá para a “perceção dos pais, da sociedade e dos próprios profissionais de saúde” sobre este problema.

“A complacência que é tida em relação aos sintomas, crises e não diagnóstico” preocupa João Fonseca. “Isso passa”, “isso são os dentinhos”, “isso com a idade desaparece”, “agora não podemos fazer nada” ou “não se morre disso” são, na sua opinião, expressões que denotam uma desvalorização do problema e que contribuem para “que esta situação se mantenha”.

Embora Portugal não se encontre numa situação pior do que outros Estados, João Fonseca declara que o país tem de fazer jus a um “histórico” que aponta para “melhores resultados na área das doenças alérgicas e respiratórias que muitos outros”. Por isso mesmo, garante: “Não há nenhum motivo para que, na asma da criança, não consigamos ter muito melhores resultados do que estamos a ter”.

A investigação, financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com Guimarães – Cidade Europeia do Desporto 2013, contou com o apoio técnico do LabAIR do Instituto CUF Porto. A asma é uma doença crónica – ou seja, não tem cura – mas é controlável através de terapêutica e medicação em 90 a 95% dos casos. A prevalência, em Portugal, situa-se nos 10% e está em crescimento.

O Dia Mundial da Asma assinala-se esta terça-feira, dia 3 de maio.

 

Artigo editado por Filipa Silva