A semana da Queima das Fitas já vai a meio e a festa continua em alta no recinto do Queimódromo. A noite de quarta-feira da semana académica do Porto ficou marcada pela estreia de Diana Martinez & The Crib e pela presença, já assídua, de Tim, Zé Pedro, Kalú, João Cabeleira e Gui.

Os integrantes da banda portuguesa de rock mais conhecida do país, Xutos e Pontapés, reuniram cerca de 23 mil foliões numa noite com ameaça de chuva, mas São Pedro foi generoso.

“Uma noite surreal”, é assim que a gaiense descreve o ambiente sentido no recinto e onde pela primeira vez esteve do lado de quem atua. A artista, também estudante de Línguas, Literaturas e Culturas considera que “o palco da Queima e o do Coliseu fazem um grande artista”.

Diana Martinez é, atualmente, uma das vozes emergentes do R&B português e escreve as suas próprias letras. A estratégia da compositora é ir ganhando o público “single” após “single”. A verdade é que cativou canção após canção, uma audiência que no início estava um pouco cética, mas que no fim vibrou ao som de “That’s just how we do it“.

Sempre bem acompanhada pelos seus músicos mascarados, a jovem cantora interpretou temas próprios, entre eles “Reverie” e alguns “covers”, mostrando ao público que veio para ficar. A meio de quase uma hora de concerto, convidou André Tentugal para o palco e, numa versão mais rock e com a banda toda, cantaram a já conhecida e muito tocada nas rádios “We are the ones”.

Em conversa com os jornalistas Diana revelou que o terceiro “single” está para breve e vai contar com um convidado “muito especial”. As letras das suas músicas, como a artista descreve são “animadas, frescas e sinceras” e inspiradas nas suas próprias vivências.

Diana confessou que não esperava vir à Queima tão cedo. “Eu sonhei com isso, mas pensava que seria daqui a alguns anos”, revelou a cantora. Martinez concluiu ao dizer que reparou em alguns rostos na plateia e viu aceitação. “É este o maior medo de todos os músicos que ninguém nos preste atenção”, desabafou.

Depois de falar com os jornalistas Diana distribuiu beijos entre os fãs, deu autógrafos e tirou “selfies”. Enquanto isso, o rock preparava-se para para subir ao palco.

A quarta foi a nova quinta do rock

Queima sem Xutos e Pontapés não é Queima. Tim, Zé Pedro, Kalú, João Cabeleira e Gui estavam ainda no “backstage” quando os fãs da primeira linha os viram. A gritaria começou já depois da meia-noite e meia e “Enquanto a noite cai” arranca com os pulos e com euforia. Na terceira canção, quem contido estava, contido não conseguiu ficar. “Contentores” tirou do chão até os que não gostam de rock ou aqueles que foram ver Xutos pela primeira vez.

Este ano, o concerto da banda não foi na tradicional quinta-feira, mas Zé Pedro contou aos jornalistas que correu “muito bem”. O músico revelou que um bom concerto para quem está no palco é quando se tem uma boa química com o público. “Nós tivemos uma boa reação”, considera.

Se Diana Martinez & The Crib tiveram um público mais tímido, que ainda se ia preparando, o público dos Xutos de tímido não tinha nada. Havia estudantes de óculos escuros e lenços amarrados ao pescoço e aos braços, numa clara imitação e homenagem aos músicos da banda.

Os fãs cantavam tudo de frente para trás e de trás para frente. “Circo de Feras” foi a primeira a ser cantada em total uníssono.

“Está tudo bem?”, perguntava Tim. E o público responde com gritos e palmas. “Homem do Leme” acalmou um pouco o recinto que se abraçava e cantava junto. No meio da confusão, nem as canadianas impediram uma estudante de viver a Queima e a noite de rock desta quarta-feira.

E seguiram-se outros temas que marcam 37 anos de carreira da banda e que são indissociáveis da semana académica do Porto. Com quase uma hora de concerto, Zé Pedro começou os agradecimentos e expressou que o Porto lhes enche o coração. “É a melhor queima do país. São 37 anos que vocês nos dão. Vocês são a única razão para estarmos aqui e fazermos tudo isso à nossa maneira”, agradeceu o guitarrista. “À minha maneira” levou todos ao êxtase, mas o melhor estava guardado para o “encore”.

Os Xutos deixaram o palco e o público não parava de gritar pelo seu regresso. Ainda faltavam grandes clássicos da banda, que este ano, decidiu alterar o alinhamento. “Testámos aqui hoje o novo alinhamento e que em princípio vai nos acompanhar o resto do ano”, revelou Zé Pedro aos jornalistas. Novo porque os grandes temas ficaram para o fim. E que fim.

Após cinco minutos a banda regressou ao palco e recomeçou com “Para ti Maria”, “Não sou o único”, “Ai se ele cai” e “Chuva dissolvente”. A banda despediu-se mais uma vez. Mas o concerto ainda não estava completo. Voltaram ao palco. Zé Pedro e Tim brincaram: “Fazemos ou não fazemos?”. Uma fã grita: “Na dúvida faz sempre”. E a última canção foi a apoteose. “A minha casinha” fechou mais um grande e inesquecível concerto do Xutos e Pontapés na Queima das Fitas do Porto.

“Tchau Porto. Até ao São João”, despediu-se Tim. Em conversa com os jornalistas, o músico Zé Pedro deixou uma mensagem aos estudantes para que façam coisas que os deixem felizes e revelou que teve a saúde debilitada, mas que graças ao “rock and roll” continua de pé.

Esta é força do rock, esta é magia do “X”.

Artigo editado por Sara Gerivaz