A relocalização do Festival Marés Vivas e a limpeza do terreno do novo Parque Urbano Municipal de Gaia, em São Paio, foram os temas principais abordados, esta quarta-feira, na reserva natural do estuário do Douro.

O Presidente da Câmara de Gaia convocou a comunicação social e alega que “tudo o que o município fez foi corte rente de vegetação” reafirmando a total legalidade do projeto e desmentindo os argumentos da Quercus, que se tem posicionado contra a realização do festival Marés Vivas naquele terreno.

Segundo o município, os responsáveis camarários “estiveram desde o início sensíveis a todos os alertas” pedindo, face à providência cautelar, pareceres à REN, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e CCDR-N que responderam favoravelmente à Câmara de Gaia.

“A zona de reserva natural não faz parte da zona onde iria decorrer o festival. Também os impactos de ruído estavam altamente controlados, pois o palco ficaria de costas para a reserva tendo muito menores impactos para as várias espécies”, assegurou Eduardo Vítor Rodrigues aos jornalistas.

Os custos necessários para compensar as quatro semanas de paragem da limpeza do Vale de São Paio, representariam um valor de 200 mil euros e não permitiriam garantir o cumprimento atempado das responsabilidade assumidas com patrocinadores, músicos e com o público em geral do Marés Vivas. Deste modo, estando ainda disponível o espaço anterior, a Câmara de Gaia optou por relocalizar o festival de novo a 900 metros da reserva, no Parque Urbano do Cabedelo.

“Estamos a calcular os custos totais. Já há os custos da obra que foi feita, e haverá custos de deslocalização e, principalmente, danos de imagem para o festival, um dano que resulta da calúnia e da mentira. Estamos de consciência tranquila e temos todos os pareceres para irmos a tribunal. Queremos manter um dos grandes eventos da região norte”, explica o presidente da Câmara de Gaia.

A Quercus, que intentou uma ação judicial contra a Câmara Municipal de Gaia, a propósito da localização do festival, esteve presente no local. Pedro Sousa, gestor de projeto na Quercus, congratula a câmara municipal por ter mudado o festival de lugar, mas afirma que “não compreende a necessidade em limpar mais uma série de espécies, principalmente vegetais, nomeadamente os fetos. Tudo isso provoca impacto negativo nesta zona tão sensível”, declarou aos jornalistas. A GNR e a PSP foram chamadas ao local  pela Quercus para verificarem a situação de limpeza que, segundo a associação, “é uma violação da providência cautelar”.

Bernd Markowsky, do Movimento Cívico para a Defesa do Estuário do Douro, defendeu, ao JPN, que a sua associação “não quer caluniar, nem mentir”, mas sensibilizar o município para as questões ambientais. “Não temos nada contra o  festival, pelo contrário, é um evento cultural importante. Mas não aqui, este é um espaço verde que deve ser preservado como uma pérola”, remata.

 

Artigo editado por Filipa Silva