O maior centro de investigação em saúde de Portugal chama-se Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) e foi inaugurado esta quinta-feira pelo Presidente da República e por um primeiro-ministro “otimista”.

Três instituições da Universidade do Porto (UP) – Instituto de Biologia Molecular e Celular (IMBC), Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) e Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP) –, fundiram-se e o grande “casamento” oficial aconteceu esta quinta-feira.

O descerramento da placa deu início ao “momento histórico” de inauguração. Antes dos discursos, a comitiva liderada por Marcelo Rebelo de Sousa visitou as instalações do edifício e “invadiu” alguns laboratórios de investigação.

Ao longo do percurso por seis pontos de dois laboratórios do I3S, o Presidente da República fez questão de não esconder o entusiasmo e a vontade de aprender sobre fungos, parasitas e mutações genéticas, apresentadas pelos vários intervenientes da visita.

O I3S tem mil colaboradores e 800 cientistas que se dedicam a encontrar respostas para as áreas do cancro, neurobiologia, doenças neurológicas e interação e resposta do hospedeiro. A primeira pedra do edifício foi “lançada” em 2013. A casa – de 18 mil metros quadrados e que custou 21,5 milhões de euros – foi construída de raiz pela Universidade do Porto e ficou concluída em 2015.

Marcelo Rebelo de Sousa confessou invejar Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. “Eu invejo-o de quando em vez porque, tendo sido autarca em três cidades muito diversas – Lisboa, Cascais e Celorico de Bastos –  nunca fui cá autarca e imagino como deve ser desafiante e estimulante ser-se presidente da Câmara Municipal do Porto”, afirmou.

Foi elogiada pelo Presidente, na tarde de inauguração, a capacidade dos três líderes dos institutos conseguirem converter numa só as três instituições de investigação.

Apesar de um longo processo com mais de dez anos, o I3S nasceu “em pouco tempo”, segundo Rebelo de Sousa. “Eu veria da outra ótica, como é excecional em tão pouco tempo ter sido possível dar este passo”.

“Um momento histórico” para a ciência e para o país, que se celebrou esta quinta-feira, é confirmado pelo Presidente da República, que saudou ainda a “virtuosa convergência da educação, cultura, ciência, inovação e saúde”.

Marcelo Rebelo de Sousa confessou que, muitas vezes, quando pensa no país, vê dois países: “Aquele que prolonga um tropismo pessimista e cético. Um país que está condenado a viver tristemente a debater porque não tem sucesso. E outro país que todos os dias trabalha, cria, inventa, imagina, que irradia felicidade, que acredita e que quando acorda olha para o lado bom sem esquecer que existe um mau”. Assegurou ainda que se encontra entre os que pertencem ao segundo país.

“Um otimismo crónico e, às vezes, ligeiramente irritante” é a expressão usada pelo Presidente da República direcionada a António Costa, para o avisar de que este otimismo, partilhado por ambos na inauguração, deve ser moderado “com os pés assentes no chão e minimamente racional”.

Como académico, cientista social e Presidente da República, agradeceu ao I3S “este dia grande para Portugal”.

Antes, António Costa indicou o I3S como motor do progresso e desenvolvimento do país. O futuro de Portugal passa, segundo o primeiro-ministro, pela aposta no conhecimento, para se conseguir afirmar como um país de ciência e de cultura.

As décadas que se avizinham são de desafios. A comunidade científica é por isso, imprescindível, de acordo com António Costa, para que o país os saiba enfrentar e se consiga afirmar internacionalmente.

Mário Barbosa, diretor do I3S, assegurou que estamos perante um instituto “vivo e plural”, que “começou por ser um sonho e hoje é um sonho em movimento”.

Sebastião Feyo de Azevedo, Reitor da Universidade do Porto, deu destaque aos “cientistas brilhantes” que ajudaram a concretizar um projeto que é “fruto da visão do futuro”.

No final da cerimónia, houve ainda espaço para um momento de homenagem a Mariano Gago e a Corino de Andrade, cientistas que dão nome aos dois auditórios existentes no complexo do i3S.

“É um dia grande para as vossas vidas, é um dia grande para Portugal”, é o Presidente da República que o diz, naquele que é o maior instituto de investigação em saúde do país, com 51 grupos de investigação e 126 projetos em curso ou ainda a começar.

Manifestantes pedem apoio a Marcelo Rebelo de Sousa

Os colégios privados marcaram também presença no I3S. Com uma missiva para entregar ao Presidente da República, concentraram-se perto da entrada do novo espaço da UP. Aguardaram pela chegada, primeiro de António Costa e em seguida de Marcelo, e permaneceram no mesmo local durante toda a inauguração do I3S.

À saída, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de se dirigir aos manifestantes, onde recebeu uma missiva, pediu tranquilidade e paciência e garantiu estar atento à situação dos contratos de associação.

Pais, professores e alunos constituem o movimento “Defesa da Escola Ponto” e pedem que os contratos assinados pelo anterior executivo sejam cumpridos. O atual governo pretende acabar com a formação de novas turmas ao abrigo destes contratos já a partir do próximo ano letivo.

Artigo editado por Sara Gerivaz e Filipa Silva