O Prémio Camões 2016 foi atribuído por unanimidade, esta segunda-feira, ao escritor Raduan Nassar, de 80 anos. É o 12º brasileiro a receber aquele que é considerado o mais importante prémio literário destinado a autores de língua portuguesa.

28 anos depois da primeira cerimónia de condecoração do Prémio Camões, instituído pelos governos do Brasil e de Portugal, Raduan Nassar vence o prémio deste ano, anunciado no final da tarde de segunda-feira, pelo secretário de Estado da Cultura, no Hotel Tivoli.

Com apenas três livros publicados – os romances “Lavoura Arcaica” (1975), “Um Copo de Cólera” (1978) e o livro de contos “Menina a Caminho” (1994) –, a exiguidade da obra não impede que Raduan Nassar seja considerado pela crítica um dos grandes nomes da literatura brasileira.

Em Portugal, o autor premiado só começou a ser publicado em 1998, quando “Um Copo de Cólera” que saiu na editora Relógio D’Água. No ano seguinte editou também “Lavoura Arcaica”. No ano 2000, a Cotovia publicou “Menina a Caminho”.

Ainda este ano, Raduan Nassar foi um dos 13 escritores escolhidos para a “longlist” do “Man Booker International Prize”, com a tradução inglesa de “Um Copo de Cólera”, mas não chegou à lista dos seis finalistas.

Prémio Camões liga Portugal ao Brasil

Instituído em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, o Prémio Camões é atribuído a “um autor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”, diz o respetivo protocolo. O acordo obriga a que o prémio seja alternadamente entregue em território português e brasileiro.

Antes do prémio agora atribuído a Nassar, Portugal e Brasil estavam empatados com 11 autores de cada país. Miguel Torga foi o primeiro escritor a receber o Camões, em 1989, e o prémio voltou a ficar em Portugal mais dez vezes: Vergílio Ferreira recebeu-o em 1992, José Saramago em 1995, Eduardo Lourenço em 1996, Sophia de Mello Breyner Andresen em 1999, Eugénio de Andrade em 2001, Maria Velho da Costa em 2002, Agustina Bessa-Luís em 2004, António Lobo Antunes em 2007, Manuel António Pina em 2011 e Hélia Correia em 2015.

Raduan Nassar, autor que conta com três livros publicados e é conhecido pela extrema raridade das suas aparições públicas, já deixou de escrever há mais de duas décadas, desde “Menina a Caminho”, em 1987.

Artigo editado por Sara Gerivaz