Quarta-feira o Porto ruma até aos Aliados "Por Todas Elas". O objetivo da manifestação é apelar ao fim da violência e demonstrar solidariedade para com a jovem brasileira que foi violada por mais de 30 homens.

“Basta!” e “Não à cultura do Estupro!” são as frases de ordem para esta quarta-feira. Às 17h00, a Avenida dos Aliados alia-se ao outro lado do Oceano Atlântico. No Brasil, a propósito da jovem de 16 anos que foi violada, na passada quarta-feira, por 33 homens, várias vozes decidiram unir-se para gritar “Basta!” contra a violência sobre as mulheres. Articulado com esse movimento, do lado de cá do oceano, o Coletivo Feminista do Porto decidiu lutar por todas as vítimas de violência.

“Atendendo aos últimos acontecimentos, é uma questão de solidariedade e de sororidade para com as mulheres e a população brasileira. Porque este tipo de acontecimento, nós até podemos achar que é um caso isolado, mas na verdade não é. Infelizmente, podemos também achar que é um caso único de uma determinada parte do planeta, mas também não é”, expõe ao JPN Aida Suárez Gutierrez, membro do Coletivo Feminista do Porto e uma das caras da organização da manifestação.

O pedido de mobilização é feito não só ao sexo feminino, como a toda a população. “Nós não estamos a fazer um chamamento a mulheres. E fazê-lo em feminino não quer dizer que seja unicamente para mulheres”, sublinha Aida.

O coletivo pretende, com este movimento, “sensibilizar, tornar mais evidente que este tipo de acontecimento não é isolado, não é único de uma parte do mundo, nem de um tipo específico de pessoas”.

“Mexeu com uma, mexeu com todas!” vai ser ecoado pela avenida. Mãos vão ser pintadas com tinta vermelha. A esperança é que o apelo chegue não só ao lado de lá do Atlântico, como a todas as partes do mundo.

“Por Todas Elas” é exatamente isso: por todas as mulheres. A manifestação partiu de um caso isolado, mas não se quer focar apenas nesse acontecimento. “É por ela e por todas as outras vítimas que não foram visualizadas e das quais nós não temos conhecimento. O mundo é muito grande, os nossos olhos nunca conseguirão ver tudo. Exatamente no Brasil, na mesma semana, uma menina de 12 anos foi violada por três colegas de escola mais velhos. E se nós sairmos do Brasil e saltarmos para outro país ou outro continente vamos encontrar as mesmas coisas. Até mesmo no nosso país”, denuncia Aida.

A manifestação, que está prevista durar entre as 17h00 e as 20h00, em frente à Câmara Municipal do Porto, é um movimento espontâneo, criado no facebook e apela à empatia.

O convite foi também feito a “associações, coletivos e iniciativas aqui da cidade. Nomeadamente à Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e outras associações que lidam com estas questões de violência”, esclarece Aida.

Artigo editado por Sara Gerivaz