A Seleção Portuguesa de futebol venceu esta noite a Estónia, no Estádio da Luz, por sete bolas a zero. Ronaldo bisou, Quaresma também e a equipa portuguesa mostrou talento, coesão e eficácia.

Ronaldo ser tido como o melhor jogador do mundo e da seleção nacional não é novidade. Ronaldo marcar pela seleção também não. Ronaldo ser ofuscado pela exibição incrível de outro extremo é que é uma coisa rara. Aconteceu esta noite, no Portugal-Estónia, que acabou com um expressivo e esmagador 7-0.

Ronaldo abriu o marcador e bisou, mas quem também bisou, brilhou e ofuscou completamente os restantes jogadores foi Ricardo Quaresma. O ala esquerdo da seleção teve uma noite incrível, esteve presente em seis dos sete golos portugueses, fez assistências para três. No final do jogo, era o seu nome que se cantava nas bancadas.

Mas o jogo foi mais do que Quaresma ou Portugal. A Estónia, embora completamente dominada pela equipa das quinas, também teve momentos de grande perigo e poderia perfeitamente ter marcado em algumas ocasiões.

Portugal entrou no jogo com Rui Patrício; Cédric Soares, Pepe, José Fonte e Raphael Guerreiro; João Mário, Danilo, Moutinho e André Gomes; Ronaldo e Quaresma. A Estónia alinhou com Pavel Londak; Taijo Teniste, Nikita Baranov, Ragnar Klavan, Karol Mets; Ken Kallaste, Aleksandr Dmitrijev, Ilja Antonov; Sander Puri, Dmitri Kruglov e Henri Anier.

Primeira Parte

Em 45 minutos de domínio português, os primeiros a chegar à baliza adversária foram mesmo os estónios e logo no primeiro minuto. Mas o cruzamento não deu em nada e foi dos poucos momentos em que a Estónia chegou à grande área portuguesa. Há medida que o tempo foi passando, Portugal encostou o adversário à sua metade defensiva e, a partir daí, a seleção começou a controlar o jogo.

Aos oito minutos, surge o primeiro canto a favor dos portugueses e no minuto seguinte Quaresma tem o primeiro momento de magia de uma noite que seria repleta deles, e em que o extremo do Besiktas brilhou. Aos 15 minutos, Portugal já somava três cantos e várias situações de perigo, mas faltava o essencial: a finalização. Prova disso, foi o incrível falhanço de Cristiano Ronaldo aos 31 minutos, isolado contra o guarda-redes Pavel Londak. O remate saiu fraco e de fácil defesa. Ficava a pergunta: para quando um golo?

Ronaldo respondeu quatro minutos depois: cruzamento na ala esquerda de Quaresma e o capitão das quinas atirou de cabeça para o fundo das redes. Estava feito o primeiro, mas logo em seguida, aos 38 minutos, Quaresma deixou de lado as assistências; num misto de cruzamento com remate colocou a bola muito para lá de Londak e bem no canto da baliza. E, mesmo que a pontaria não fosse tão certeira, Ronaldo estava lá para emendar.

Portugal deu seis minutos de descanso à Estónia. Depois, a um minuto do final da primeira parte, mostrou que não constrói jogadas apenas pela ala esquerda. Do lado direito, João Mário tem um momento de magia com Ronaldo e devolve um passe perfeito do capitão que, num momento ou de pura sorte ou de pura arte, coloca de novo a bola no fundo da baliza.

A primeira parte encerrou logo a seguir, da melhor forma para a seleção nacional: 3-0.

Segunda Parte

Portugal abriu com duas substituições. Vieirinha para o lugar de Cédric e Nani para o lugar de Ronaldo. E tal como no início da primeira parte, foi a Estónia a chegar primeiro à baliza adversária, mas desta vez com muito mais perigo. Logo aos 46 minutos, um grande cruzamento de Kruglov e um salto em falso de Pepe enganam Rui Patrício. O guarda-redes português não consegue segurar a bola, que sobra para Puri. Mas este atira mal, a bola bate na trave, fica na posse da Estónia. Patrício consegue desviar um segundo remate para canto.

Portugal responde aos 47 minutos, com um cruzamento de Raphael Guerreiro, mas Nani cabeceia por cima da baliza. Quase de seguida, Quaresma, isolado, podia ter feito o seu segundo – e o quarto de Portugal – mas o remate, com um excelente efeito, acaba por passar ao lado da baliza de Londak. Um remate de Vieirinha aos 50 minutos passou também perto do poste da baliza estónia. Portugal, tal como na primeira parte, procurava crescer e empurrar o adversário para a defensiva.

E se Quaresma não finaliza, dá pelo menos a finalizar. Canto do lado direito, aos 54 minutos, batido pelo extremo português, bem para o centro da área. Danilo salta e, sem dificuldades, coloca a bola no fundo da baliza, para o seu primeiro golo pela seleção. Estava feito o 4-0. Se o público, no estádio, já estava rendido aos encantos de Quaresma, depois do canto, mais rendido ficou.

Aos 57 minutos, tripla substituição para Portugal. Saem Pepe, João Mário e João Moutinho. Entram Ricardo Carvalho, Renato Sanches e Éder. Mas era o espetáculo de Quaresma que prendia tudo e todos nas quatro linhas: minuto 60, cruzamento à procura de alguém na área, confusão na defesa da Estónia, Londak sai mal e a bola acaba por bater em Karol Metz e entrar na baliza.

Quinze minutos depois, com Portugal a ganhar 5-0 e o jogo mais sereno, o público pedia “só mais um” nas bancadas. E Quaresma, numa noite que foi inteiramente sua, respondeu. Passe de Renato Sanches ao minuto 76, após uma fantástica recuperação de bola, e Quaresma, frente a Londak, não perdoou. Não passaram sequer três minutos e foi a vez de Éder fazer o “gosto ao pé”. Canto batido por Ricardo Quaresma, bola cortada para fora da grande área, sobrou para André Gomes que cruzou de novo para o coração da área. Éder segurou com o esquerdo e, sem hesitar, rematou com o direito. Estava feito o sétimo e último do jogo.

Até ao fim, houve tempo para Puri tentar o golo de honra da Estónia aos 85 minutos. O remate saiu forte e decidido, mas um pouco ao lado e por cima da baliza de Patrício. Nani também tentou colocar o nome na lista de marcadores aos 87, mas 7-0 era mais que suficiente. O último teste de Portugal antes do Euro 2016 foi um sucesso, apagou a imagem do jogo com a Inglaterra e mostrou um equipa unida, forte e coesa. E mostrou que, se Ronaldo é o melhor do mundo, Quaresma foi, pelo menos esta noite, o melhor jogador da seleção.

Num jogo de grande qualidade, que raramente teve momentos parados, Portugal teve sempre o controlo do jogo. Fernando Santos que, em conferência de imprensa, elogiou a qualidade defensiva da seleção da Estónia, acabou por ter indiretamente razão: o que os adversários de Portugal mais fizeram foi defender. O que não chegou para evitar uma goleada.

A seleção segue já esta quinta-feira para França. O Euro 2016 arranca na sexta-feira, dia 10. Portugal estreia-se, frente à Islândia, no dia 14 de junho.

 

Artigo editado por Filipa Silva