Portugal melhorou ao segundo jogo do Euro, mas a Áustria aguentou o nulo após vinte remates, dois ao poste, um após penálti. Vencer a Hungria é obrigatório.

Portugal não foi além de um empate a zero ao segundo encontro do Campeonato Europeu de Futebol. A seleção entrou em campo sabendo que o empate da Hungria com a Islândia lhe daria a liderança do grupo em igualdade com a seleção magiar, com quatro pontos, caso vencesse. Bastava ganhar para voltar ao topo.

Fernando Santos fez duas alterações face ao primeiro jogo: saíram Danilo Pereira e João Mário, entraram William Carvalho e Ricardo Quaresma. Vieirinha e João Moutinho, pouco inspirados no primeiro jogo, mantiveram a titularidade neste sábado.

Quaresma começava à direita, no meio-campo, Nani à frente com Ronaldo, o mais internacional de sempre de Portugal ao chegar às 128 internacionalizações – ultrapassou Figo. O capitão de Portugal não irá, contudo, recordar este jogo com boas memórias. A Áustria apresentava-se  “remendada” como podia para lutar mais um dia, após a derrota do primeiro jogo em 4-2-3-1 com Alaba a “dez”.

Portugal entrou pressionante. Após dois cantos, um mau atraso de Pepe para Patrício criou perigo. Segundo susto pouco depois, no flanco esquerdo de Portugal: cruzamento de Sabitzer e Harni a falhar ocasião fácil, de cabeça, ao segundo poste.

A seleção conseguia aos dez minutos impôr-se com William Carvalho a assumir-se como pêndulo da primeira linha de construção. Mais à frente, aos 12, o golo esteve perto: primeiro Nani ganhou um ressalto à esquerda e na cara do guarda-redes Almer permitiu a defesa. Na recarga Vieirinha, de fora de área, remata cruzado para defesa para canto de Almer. No canto, William cabeceia para nova defesa. Portugal sufocava, mas sem efeito.

Às arrancadas na linha dos austríacos, Portugal respondia com a serenidade de Ricardo Carvalho, que ia acumulando cortes seguros a cruzamentos de Arnautovic aos 14, e de Fuchs aos 17. Pouco depois, o defesa de 38 anos subia ao canto – cedido de forma patética por Almer: fantástico a defender, mas terrível com os pés – para cabecear com perigo, ao lado.

Aos 22′, grande trabalho de Raphael Guerreiro que tabelou com Nani no lado esquerdo da grande área austríaca, cruzando rasteiro para Ronaldo que, em boa posição, atirou de primeira ao lado. Começavam os falhanços para o capitão português, enquanto Portugal dominava com 60% de posse de bola e oito remates contra um.

O ritmo baixou um pouco após o ímpeto inicial, Alaba à esquerda cruzou para novo corte de Carvalho aos 28′ e os austríacos fizeram-se ouvir no Parque dos Príncipes. Portugal respondeu pela esquerda. Canto, cruzamento de André Gomes, Nani cabeceou com força ao poste. Na recarga, o remate de fora de área de Moutinho espirrou por cima da baliza.

Minutos depois Quaresma receberia amarelo após agarrões com Prödl na linha e troca de argumentos com o árbitro: era o primeiro sinal da ansiedade que se viria a instalar paulatinamente no 11 português.

Aos 37′, Quaresma ganhou novo canto, tabelou com Moutinho, ganhou um ressalto e a bola chegou a Ronaldo que rematou frouxo para defesa de Almer: já eram 11 remates sem efeito para Portugal.

A Áustria reagiu e até ao intervalo ainda conseguiu um boa arrancada de Samitzer, e duas ocasiões para  Alaba. Primeiro, bateu um livre perigoso. Aos 40 foi derrubado por Pepe que viu o amarelo. Portugal insistia pelo lado direito com Quaresma em destaque, muita bola para a área, mas parecia faltar sempre qualquer coisa no interior da área. A Áustria apresentava muitas deficiências com bola, dificuldade a sair a jogar, estando dependente da diferença que o físico de Alaba fazia para criar algumas ocasiões.

A segunda parte começou sem alterações. A Áustria entrou confortável a trocar a bola e Harnik, muito confortável entre linhas, deixou para Ilsankel rematar forte de longe, para defesa apertada de Patrício. Portugal demorou uns minutos, mas voltou ao futebol controlado, sem ainda assim entrar no bloco austríaco.

O jogo corria sem perigo até Ronaldo fuzilar rasteiro com o pé esquerdo de muito longe: Almer cede canto. Quaresma cruzou para novo confronto entre Ronaldo e Almer: cabeceamento de cima para baixo do capitão português, o guardião defendeu e já festejava a cada nova parada.
Mais livres, mais cruzamentos de Quaresma, mas a história de sempre: a defensiva austríaca e Almer iam resolvendo e o tempo, ia passando. Aos 63′ Patrício tem uma das poucas aparições no jogo, aparecendo seguro a agarrar um cruzamento após alguma insistência da Áustria na direita do ataque.
Moutinho e Ronaldo, os dois muito melhores na construção de jogo, tabelaram aos 60′, o oito português foi travado em falta por Baumgartlinger e Ronaldo bateu mais um livre, em boa posição, por cima da baliza.
O jogo baixava de ritmo e aos 70′ a pouca criatividade da seleção parecia pedir uma mudança. Quaresma – imprevisível, cruzou muito mas sem o acerto de outros dias – era substituído por João Mário, uma inversão da substituição do primeiro jogo.
A Áustria subia, raramente, com um jogo algo atabalhoado quer pelas linhas, quer pelo interior. Após falta de Moutinho: um livre estudado, corte de Pepe e terceiro remate da Áustria por Fuchs, sem perigo, muito desviado. Eram então três remates da Áustria contra 18 de Portugal.
Aos 78′, a ocasião do encontro. André Gomes e Raphael Guerreiro tabelam, cruzamento do lateral para o segundo poste onde Hintereger agarrava Cristiano Ronaldo. Penalti para Portugal. Ronaldo atirou rasteiro, ao poste esquerdo da baliza austríaca. O lance resulta num pontapé de baliza para Almer, que estava batido.
Portugal insistiu e reagiu bem ao falhanço, num primeiro momento, mas entrando nos últimos dez minutos
a Áustria tinha mais bola e Portugal aparentava nervosismo: dois cruzamentos da esquerda do ataque da Áustria, dois cortes, de Carvalho e Pepe.
Saía André Gomes, entrava Éder para o centro do ataque. Uma mão de Fuchs à esquerda a cortar uma investida de Ronaldo deu mais um livre para Guerreiro – que maturidade do jovem do Dortmund – cruzar. Portugal gritou golo após cabeceamento de Ronaldo, mas não valeu. Fora de jogo e frustração estampada na cara do capitão.
Substituições, faltas cirúrgicas, a Áustria estava melhor na estratégia e frieza dos últimos minutos. Rafa ainda entrou, arrancou duas vezes, mas sem efeito. Em nada deu. No fim, Vieirinha ainda tentou um último cruzamento, mas após toque de Éder a bola perdeu-se pela esquerda, apesar do esforço de Raphael Guerreiro.
Na última jogada, o espelho de um jogo: boa construção, tentativas de finalização esforçadas mas toscas, esforço nas segundas bolas que… não chegaram. Portugal foi castigado pela sorte e pela sua ineficácia. O nulo frente à Áustria é mais um capítulo deste “meu e nosso fado”, deste “destino” que nos momentos-chave “nos amarra”.
Mas no Europeu dos alargamentos, de equipas e de oportunidades, nada se perde, tudo se “repesca” e Portugal ainda pode seguir em frente. Basta ganhar à Hungria, já na próxima quarta-feira, mas neste momento, quem não dúvida deste “basta”?
Artigo editado por Filipa Silva