A seleção portuguesa vai defrontar a Croácia após ficar em terceiro lugar no grupo. Portugal recuperou de três desvantagens numa segunda parte louca: 3-3 foi o resultado final.

Dois jogos épicos fecharam o grupo F do Euro 2016. Igualdade a três entre Hungria e Portugal e vitória “in extremis” da Islândia sobre a Áustria baralharam as contas da competição. Hungria em primeiro com cinco pontos, Islândia em igualdade no segundo lugar e Portugal com três empates, a garantir um dos melhores terceiros lugares.

No estádio de Lyon, quem achava que a Hungria, já apurada para os oitavos de final, iria “tirar o pé do acelarador” no último jogo da fase de grupos frente a Portugal, estava redondamente enganado. Os magiares – sempre intensos – estiveram por três vezes em vantagem, com o golo solitário da primeira parte, marcado por Gera e bis de Dzsudzsák na segunda.

Do outro lado, a seleção portuguesa mostrou resiliência ao empatar outras três vezes com golos de Nani e bis de Ronaldo (finalmente) primeiro jogador a marcar em quatro edições da competição.

Após uma segunda parte de loucos, um final impróprio para o jogo mais frenético no Euro até à data. Fernando Santos recuou e, com as duas seleções apuradas, a Hungria terminou a passar a bola entre os defesas com a equipa portuguesa a assistir.

Primeira parte: Portugal a “ver a vida a andar para trás”

Portugal entrou com posse, a explorar o lado direito do ataque e a pressionar alto. A Hungria, com dificuldade a sair da pressão alta portuguesa, permitiu a recuperação de bola de André Gomes, Ronaldo ganhou falta à esquerda após antecipação a Juhász. Moutinho bateu o livre à esquerda para corte da defensiva magiar. João Mário aproveitou o ressalto para rematar, saiu por cima.

Aos 6′, primeiro contra-ataque da Hungria: Dzsudzsák, muito ativo, cruzou à esquerda e Pepe cedeu canto. Dzsudzsák levantou de novo para a área, a bola bateu em Eliseu e Moutinho – sem a intensidade de outrora, mas brilhante a construir –  lançou Nani para um “sprint” desenfreado pela esquerda que deu mais um canto sem sucesso.

Pouco depois, um corte de cabeça de Pepe chegava mais uma vez a Nani que “embalou” pela linha até ser travado em falta. Livre para Moutinho, cruzamento para um fora de jogo de Ronaldo, à imagem do que aconteceu no golo anulado contra a Áustria. Portugal parecia melhor.

Após uma perda de bola de Eliseu, Pepe – muito pressionado – cortou para canto. Cruzamento, a defesa tira, Nani de frente para a baliza à entrada da área cortou frouxo de cabeça. Gera recebeu de peito em posição central e com um golpe perfeito remata por entre as pernas de Ricardo Carvalho. Golaço do capitão húngaro, contra o qual Patrício nada pode fazer. Vida complicada para Portugal.

De seguida, mais dois ataques húngaros a aproveitarem o “soco no estômago” dado aos portugueses. Mau atraso de Pepe que Patrício conseguiu resolver e outra jogada confusa pela esquerda do ataque da Hungria chegou a Elek que permitiu a defesa a Patrício. Os húngaros estavam ao rubro nas bancadas.

Aos 29′, amarelo para o central Juhász após falta sobre André Gomes. Ronaldo bateu o seu melhor livre direto neste Europeu e obrigou o quarentão Kiraly a boa defesa. Dez minutos depois, gritou-se golo. Após combinação com João Mário, Ronaldo na esquina da grande área, levantou para a direita onde Pepe, em fora de jogo, assistiu de novo o capitão para o golo irregular.

Aos 40′, Gera ainda voltou a avisar que tem “remate fácil” mas dois minutos depois, um grande passe de rutura de Ronaldo encontrou Nani que se desmarcava entre os centrais húngaros: de primeira e com o pé esquerdo, o extremo português rematou rasteiro ao primeiro poste. Primeira igualdade para Portugal!

Chegava-se ao intervalo sem grandes exibições por Portugal: William Carvalho menos influente e acertado ofensivamente; João Mário e André Gomes pareciam ir ganhando faltas e confiança, mas nunca conseguiam grandes ruturas. Ronaldo e Nani, pouco acertados, ganhavam novo fôlego com o golo. Saía Gera e entrava Bese, do lado da Hungria, Renato Sanches rendia Moutinho no meio-campo português.

Segunda parte entra a “rasgar” mas termina a deprimir

A segunda parte “começou” com um livre a 26 metros da baliza de Patrício. Nova vantagem para a Hungria, após o remate de Dzsudzsák desviar em André Gomes. Patrício, enganado pelo desvio, não conseguiu impedir a bola de entrar, no centro da baliza.

De seguida, mais perigo pela Hungria. Arrancada de Lovrencsics pela esquerda que rematou rasteiro às malhas laterais da baliza de Patrício. O público português desesperava, mas a seleção respondeu bem ao golo sofrido. Aos 50′, grande desmarcação de João Mário à direita, que ganhou a linha e cruzou milimetricamente para Ronaldo que – também ele após grande desmarcação – toca de calcanhar para o empate. Grande golo do capitão português. 2-2 no marcador.

Portugal instalava-se no meio-campo húngaro. Renato Sanches combinava bem com João Mário que cruzou rasteiro mais uma vez, mas Nani, por pouco, não chegou à bola. Portugal ganhava um novo alento nesta fase. Só que do novo alento, à nova desvantagem bastou mais uma bola parada.

É que aos 55′ Portugal voltou a sofrer um golo. Outra vez Dzsudzsák e com a bola a bater novamente num jogador português antes de passar por Patrício e morrer no fundo das redes.

Portugal reagiu de novo, com Renato a transportar e João Mário e Ronaldo a desentenderem-se à direita. Novo remate de longe de Ronaldo, o ritmo até ameaçava baixar, mas Fernando Santos tirou Quaresma do banco para render André Gomes.

Aos 62′, boa iniciativa de Pepe, 1-2 com Ronaldo, e passe para Nani que não acreditou. Canto curto para Portugal, bola para Quaresma que, na primeira intervenção no encontro, tirou um cruzamento perfeito para Ronaldo cabecear. Bis de capitão para mais um empate.

O jogo estava partido, à velocidade da luz. Nova arrancada pela esquerda, cruzamento rasteiro e remate de Szalai a bater com estrondo no poste de Patrício.

Após a correria inicial, o jogo abrandava apesar de boas iniciativas de Quaresma, arrancadas de João Mário e mais um cruzamento perigoso de Nani.

Aos 76′, uma boa jogada de Vieirinha fez a bola chegar a Ronaldo na área. De primeira, atirou com perigo, mas por cima da baliza. Pouco depois, nova insistência, cruzamento desta vez de Quaresma, mas muito longo.

Portugal parecia instalado no meio-campo húngaro, mas os contra-ataques continuavam perigosos. Fernando Santos acusou a pressão e tirou Nani para fazer entrar Danilo Pereira, que formaria um duplo-pivô no meio campo, ao lado de William.

Até aos 90′ Portugal ainda tentou, mais um cruzamento de Quaresma. Renato e João Mário a tentarem formar uma parceria para quebrar a barreira húngara e, após nova falta, uma última tentativa de livre direto por Ronaldo, de muito longe, ao lado.

Nos três minutos de compensação, porém, a Hungria ganhou a bola, Portugal (à altura em segundo lugar do grupo) não pressionou e os magiares aproveitavam para perder tempo. O jogo mais épico do europeu da falta de golos terminou com uma pobre imagem:a defesa húngara a trocar a bola, com direito a brincadeiras de Kiraly. Mas de facto, aos húngaros, já apurados, não lhes importava lutar.

Do outro lado, Portugal esteve a perder por vezes, recuperou outras três, empatou três jogos e é um dos melhores terceiros classificados desta fase de grupos. Num volte face após o término do jogo em Lyon, a Islândia marcava aos 93′ e ascendia ao segundo lugar. Portugal descia para terceiro, o que até pode ser melhor: evita a Inglaterra, defronta a Croácia, mas acima de tudo, evita o “lado negro” deste Europeu.

Sem ganhar, mas invicto, Portugal sobreviveu e procura uma nova cara na fase a eliminar da competição. Segue-se a vencedora do grupo da Espanha, a Croácia. É já no próximo sábado, às 20h00.