Se houvesse referendo, a presença portuguesa nas meias-finais de França era capaz de estar comprometida. Os “mimos” aplicados ao futebol da equipa nacional vão do “aborrecido” ao “feio”. Os números não ajudam. Portugal ainda não conseguiu ganhar um jogo em 90 minutos, em cinco tentativas. Tem quatro empates e uma vitória, conquistada no prolongamento.

Do lado dos adversários, o respeito está garantido. Gareth Bale diz que Portugal não está nas meias-finais “por acaso”. Chris Coleman, o selecionador galês, destaca a “resiliência” da equipa portuguesa.

E convenha-se: chegar pela quinta vez às meias-finais de um Europeu, tendo falhado apenas uma meia-final nos últimos cinco campeonatos, não é mau cartão de visita. Fernando Santos está, aliás, pouco preocupado com a fotografia: “Entre ser bonito e estar em casa e ser feio e estar aqui, prefiro estar aqui”, declarou o selecionador numa conferência de imprensa.

Tentar transformar o jogo num concurso de “misses” entre Bale e Cristiano Ronaldo também não parece adequado. Os companheiros do Real Madrid são fundamentais nas suas seleções, mas estão longe de ser uma equipa. Sobretudo Ronaldo, que parece acusar os cerca de 4 mil minutos que acumulou nas pernas ao serviço dos “meregues”.

Bale é um dos melhores marcadores deste campeonato (tem três golos) e é no setor ofensivo que os galeses se têm destacado: são a segunda equipa com mais golos no Europeu, atrás da França. Tudo no Europeu de estreia. Não admira que estejam a ser quebrados recordes de audiência televisiva no país.

Problemas, têm-nos as duas equipas. Gales desde logo pela ausência de Aaron Ramsey, médio que lidera, com Eden Hazard, as assistências do Euro (4) e que vai ficar de fora por castigo. Ben Davis também.

Do lado de Português, o impedimento de William de Carvalho é certo, também por castigo. Danilo deve substituí-lo. A dúvida reside em Pepe, um dos elementos em destaque na equipa portuguesa, que não treinou esta segunda-feira e no treino de terça esteve condicionado.

André Gomes e Raphael Guerreiro, de fora no jogo com a Polónia, voltam a ser opção para Fernando Santos.

O jogo começa às 20h00, em Lyon, vai ser o primeiro jogo oficial entre estas duas seleções e vai ter o sueco Jonas Eriksson no apito.

Os alemães “não perdoam” aos anfitrões

Na noite de quinta-feira, entram em campo a Alemanha e a França. A primeira é provavelmente a equipa mais forte do torneio. A segunda, vem do seu melhor jogo da prova. A Alemanha vem de um jogo muito exigente diante da Itália – 90’ + 30’ + 18 penáltis. A França vem de uma goleada – 5-2 à Islândia e de um jogo onde pareceu pela primeira vez solta da pressão de jogar em casa. Marcar cedo ajudou.

A verdade é que, como o “L’Equipe” refere, os alemães não costumam ser meigos para as equipas anfitriãs. Basta recordar o Mundial de há dois anos no Brasil, com a seleção canarinha a sair do jogo com um 7-1 que não se vai esquecer tão cedo. De acordo com o jornal francês, em 12 confrontos com anfitriões, em fases finais de mundiais e europeus, os alemães venceram 10.

Do Brasil, mais uma recordação: foi lá que se defrontaram pela última vez franceses e alemães em jogos oficiais. Foi nos quartos-de-final, antes de “cilindrar” o Brasil, e foi a “manschaft” a seguir em frente, até ao título mundial.

As duas equipas têm muito poucos jogos oficiais entre elas. A última em que a França bateu a Alemanha foi em 1958 no Mundial da Suécia.

Joaquim Löw parte, contudo, para este jogo com baixas importantes: Hümmels está castigado. Mario Gomez está lesionado e não joga mais no Europeu. Khedira falha, também por lesão, pelo menos a meia-final. E Schweinsteiger, que o substituiu diante da Itália, também está em dúvida. Problemático? “É a melhor equipa não só da Europa, mas do Mundo”, considerou Didier Deschamps, selecionador francês, esta semana.

Na França, não há registo de problemas de lesões o que deve fazer regressar Rami ao centro da defesa, onde foi substituído por Umtiti diante da Islândia. A defesa é o setor que levanta, contudo, mais dúvidas, face à poderosa organização ofensiva dos alemães. Os dois laterais franceses, por exemplo, Bacary Sagna e Patrice Evra, somam juntos 68 anos. E entre os centrais algumas primeiras escolhas ficaram fora do Europeu, por lesões ou castigo.

O que a Alemanha também não ignora é que os franceses têm nas suas fileiras os três melhores marcadores do Europeu – Griezman, Giroud e Payet, jogadores em bom plano ao longo de toda a prova.

O Alemanha-França está marcado para as 20h00 de quinta-feira e vai ser dirigido pelo italiano Nicola Rizzoli.