Estavam apontadas para o verão, mas faltava uma data. Esta segunda-feira, a Câmara Municipal do Porto, avançou-a: as obras de restauro e reabilitação do Mercado do Bolhão vão arrancar no próximo dia 1 de agosto. As intervenções vão começar no exterior e no subsolo, permitindo assim que os comerciantes permaneçam no interior do edifício pelo menos até ao final do ano.

“Com a atual calendarização e com a solução encontrada, de avanço prévio das obras no subsolo, evita-se a transferência dos comerciantes numa fase do ano muito sensível como a época do Natal, altura em que o atual mercado ainda estará a funcionar em pleno, com todos os vendedores”, refere a CMP.

Sobre o mercado temporário para o qual vão ser transferidos os comerciantes, a autarquia ainda não tomou uma decisão. Garante que “se localizará muito próximo”, mas não se compromete com um local, mantendo em aberto “várias alternativas”. O quarteirão D. João I, do outro lado da Rua Sá da Bandeira, tem sido apontado como uma possibilidade.

As intervenções no subsolo, a cargo da empresa municipal Águas do Porto, passam pelo desvio de várias infraestruturas e, sobretudo, de uma linha de água, que atravessa todo a área subterrânea do mercado, para as ruas Sá da Bandeira e Fernandes Tomás.

Esta primeira intervenção vai tornar possível as obras de estabilização do edifício e a construção de uma cave técnica. Estas primeiras intervenções estão orçadas em 800 mil euros e vão provocar condicionamentos de trânsito no imediato, nas ruas circundantes e durante os “240 dias” que se estimam de duração desta fase. No concreto, as obras vão obrigar ao corte do trânsito na Rua Fernandes Tomás, entre a Rua Alexandre Braga e Sá da Bandeira. Abaixo, também neste intervalo, mas na Rua Formosa, vão ser criados dois sentidos de trânsito. Vai ainda ser eliminado um sentido de trânsito na Rua Sá da Bandeira, entre a Rua Formosa e a Fernandes Tomás.

A empreitada principal da operação de restauro do Bolhão deve demorar mais dois anos, com o início da obra apontado para o primeiro semestre de 2017.

Assim, o calendário da câmara assinala o ano de 2019 como o ano de conclusão da obra. Quer para o mercado temporário, quer para o novo Mercado do Bolhão, a CMP assegura que vão ser convidados “todos os atuais comerciantes”.

“O Gabinete do Mercado do Bolhão irá reunir a partir de amanhã [terça-feira] com cada um dos comerciantes, à semelhança de uma primeira ronda de entrevistas já realizada no início deste processo e que tem ajudado a Câmara a encontrar soluções”, informa a autarquia.

A Câmara do Porto assume também o compromisso de, neste projeto, manter “traça, características fundamentais e função” do mercado enquanto mercado de frescos tradicional e público, considerando os atuais comerciantes “a ‘alma’ do mercado e a peça mais importante da sua dinamização comercial futura”.

O custo total da operação, que inclui a adaptação do espaço do Mercado Temporário e as empreitadas de desvio de águas e construção de um túnel – entre a Rua do Ateneu Comercial do Porto e a futura cave do mercado -, é da ordem dos 27 milhões de euros, incluindo já todo o processo de criação de imagem e promoção do mercado.

O mercado mais conhecido da cidade do Porto abriu portas em 1850 e é desde 2006 imóvel de interesse público. As obras no edifício são uma promessa com décadas. Iniciada a intervenção em agosto, diz a CMP, o processo passa a ser “irreversível”.