Nenhum grande evento, por mais organizado que seja, é imune a falhas. Problemas de infraestrutura, dificuldade de locomoção até o local dos eventos e informações desencontradas foram relatadas por quem passou por alguns dos polos esportivos da Rio 2016. No entanto, as falhas pontuais não foram suficientes para tirar o humor dos espectadores.

“Até agora está correndo bem, está tudo tranquilo”, conta a vendedora Rosa Seguins, 56 anos. Residente na capital carioca há mais de quarenta anos, comentou sobre algumas críticas ao transporte público da cidade, que sofreu alterações por causa dos jogos. “Viemos de trem até o Parque Olímpico de Deodoro e não tivemos problema, a demanda foi suficiente”, ressalta.

O Complexo de Deodoro, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, recebe competições de rugby, basquete, tiro esportivo, canoagem slalom, ciclismo BMX, pentatlo moderno e hóquei sobre grama. As muitas opções olímpicas, no entanto, não se refletem nas opções de acesso ao espaço.

O torcedor que for ao evento de carro terá dificuldade em encontrar uma vaga para estacionar o veículo nas proximidades do complexo, visto que as ruas que dão acesso ao local foram fechadas. Quem usar o transporte público do Rio de Janeiro, como o trem ou os autocarros, enfrenta uma caminhada de um quilômetro e meio até os portões de entrada. Apesar de posicionados durante o trajeto, os postos de informação são insuficientes.

“Aqui ninguém tem informação. Deveria ter, a cada quinhentos metros, um setor de informação para brasileiros e para estrangeiros, mas não tem”, conta um voluntário da Rio 2016 que pediu para manter o anonimato.

Outra falha apontada por alguns espectadores foi a arquibancada descoberta do Estádio de Deodoro, que recebeu as sessões de rugby. No último dia 10, os torcedores assistiram os jogos debaixo de uma chuva insistente.

O clima nublado, no entanto, não esfriou os ânimos do britânico Adam Witchell, que levou consigo sua esposa e dois filhos para assistir a vitória da delegação da Grã-Bretanha sobre a Argentina pelas quartas de final do rugby. “Apesar dessa chuva agora, nós estamos adorando a cidade. Os brasileiros são incríveis e estão sempre bem-dispostos a nos receber. Os Jogos estão incríveis e nos sentimos muito bem-vindos aqui”, conta Witchell.

Preços olimpicamente altos

A alimentação e bebida dentro dos estádios chegou a pesar no bolso dos espectadores que passavam pelos Parques Olímpicos. Um copo de cerveja de 0,3 litros nos quiosques da Rio 2016 custavam 13 reais (cerca de 4 euros) enquanto um “cheeseburger” saía por 18 reais (cerca de 6 euros). Os valores estavam tão altos que não era difícil encontrar quem preferisse levar algo de casa nas bolsas e mochilas.

Nos supermercados, as mesmas opções de produto podem custar 2,50 reais (menos de 1 euro) no caso da cerveja e 4,50 reais (um pouco mais de 1 euro) para o “cheeseburger” comum.  A discrepância nos valores estava tão alta que não era difícil encontrar quem preferia levar algo de casa nas bolsas e mochilas.

O transporte público do Rio de Janeiro também pode impactar o orçamento de quem não se preparar. As linhas de metrô não são integradas ao sistema de autocarros, sendo cobradas duas passagens separadamente. Ao todo, uma viagem que utiliza uma das duas linhas do metrô mais o Bus Rapid Transport (BRT), pode chegar a 7,90 reais (ou 2 euros) somente a ida.

Paulo Roberto Netto foi estudante de mobilidade internacional da Universidade do Porto nos cursos de Ciências da Comunicação e Línguas e Relações Internacionais. Atualmente é jornalista graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais e reside em Belo Horizonte (Brasil).